Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 16 de dezembro de 2022
Com sua monumental fachada art déco, de onde é possível ver a Torre Eiffel, o Museu da Humanidade é um marco parisiense. Em seu porão, contudo, está uma coleção controversa: 18 mil crânios, inclusive de chefes tribais africanos, rebeldes do Camboja e povos indígenas da Oceania.
Muitos deles vieram de antigas colônias francesas, mas há também remanescentes de mais de 200 indígenas americanos, incluindo integrantes das tribos sioux e navajo. Os restos mortais, mantidos em caixas de papelão armazenadas em estantes de metal, compõem uma das maiores coleções de crânios humanos do mundo, que atravessa séculos e vêm de todos os cantos do planeta.
Também são, contudo, envoltos em segredos. Detalhes sobre as identidades dos crânios e o contexto em que a coleção foi formada, algo que poderia abrir as portas para pedidos de restituição, nunca foram divulgados.
Um memorando confidencial obtido pelo New York Times, contudo, afirma que a coleção inclui os ossos de Mamadou Lamine, um líder muçulmano do Leste da África que, no século XIX, liderou uma rebelião contra tropas da França colonial. Há também uma família de inuits do Canadá exibida em um zoológico humano em 1881 e cinco vítimas do genocídio armênio da década de 1910.
“Às vezes, os supervisores diziam, ‘nós devemos esconder’”, disse Philippe Mennecier, um linguista aposentado e curador que trabalhou por décadas no Museu da Humanidade. “O museu teme um escândalo”, completa.
A falta de transparência vai na contramão do crescente reconhecimento que a França faz de seu passado colonial, processo que já abalou muitas instituições. Também despertou pedidos de restituição de itens de antigas colônias ou povos conquistados, e restos humanos com frequência são listados como prioridade desses grupos.
No Ar: