Segunda-feira, 12 de maio de 2025

Segunda-feira, 12 de maio de 2025

Voltar Governador reeleito do Paraná diz que a centro-direita pode ocupar o espaço de Bolsonaro

Reeleito governador do Paraná em primeiro turno com 69% dos votos válidos, Ratinho Jr. (PSD) acredita que a direita sai fortalecida das eleições deste ano, mesmo com a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Em recente entrevista, ele vincula Bolsonaro à “extrema-direita” e defende a oxigenação de líderes para as próximas eleições.

“Se serei eu, não sei, mas alguém nós vamos ter que apresentar para ser uma alternativa no futuro”, afirma Ratinho Jr., que faz elogios à nova geração de governadores, citando nomes como Eduardo Leite (PSDB), Romeu Zema (Novo) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O governador ainda critica a possibilidade de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não respeitar o teto de gastos e afirma que os recados do novo governo, até agora, não estão sendo bons.

1. Como será a sua relação com o novo governo?
Institucional. Eu não sou do grupo do PT, meu candidato perdeu a eleição e nós temos que ter uma relação institucional, respeitosa. O estado do Paraná é um estado forte. Ontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o PIB (Produto Interno Bruto) dos estados, nós passamos o Rio Grande do Sul e agora somos a quarta economia do país. Naturalmente, qualquer presidente da República tem que ter um bom relacionamento institucional conosco.

2. O senhor já conversou com o presidente Lula?
Não. Tive um café da manhã com o vice-presidente eleito (Geraldo) Alckmin na quarta-feira (16) da semana passada. Foi uma conversa tranquila, o vice-presidente Alckmin é muito fácil de lidar, uma pessoa extremamente gentil.

3. Qual é a sua avaliação sobre o início da transição do governo Lula?
Me preocupa muito a questão econômica, de não respeitar o teto de gastos. Talvez um dos grandes ativos que a gestão pública brasileira teve foi a responsabilidade fiscal conquistada na década de 1990. A gente abrir mão desse ativo que não deixa gastar mais do que se pode pagar é algo que tem que ter muito cuidado. Possivelmente, eles (da equipe do Lula) devem ter alguma análise disso aí, vão aprofundar com a sociedade, porque, por enquanto, do que a gente está ouvindo, os recados não estão sendo bons, né? E o que tira as pessoas da pobreza é o emprego. Esse é o maior programa social. Se a economia não vai bem, você não tem uma geração de emprego.

4. O PSD será base do governo Lula. O senhor concorda com a decisão? Foi consultado?
Fui consultado. Eu falei para o presidente (Gilberto) Kassab: eu não tenho como ser base desse desse governo, né? E os deputados que são da nossa bancada aqui do estado do Paraná dificilmente vão ter tranquilidade em votar (com o PT) pois todos estiveram do outro lado da trincheira. Mas quem decide isso é a maioria.

5. O senhor preferiria que não fosse base?
Eu preferiria que ficasse independente. Vejo que o PSD tem uma megaoportunidade de se consolidar como o partido de equilíbrio do Brasil.

6. Bolsonaro segue como o principal líder da direita no país?
Acho que tudo é muito cedo. Mas, claro, pela votação que ele teve e por ter sido presidente, ele sem dúvida alguma vai ser um ator muito importante nesse processo. Apesar de achar que ele acaba ainda ficando uma extrema-direita. Talvez possa surgir num cenário aí no futuro uma centro-direita, um personagem que ocupe esse espaço com mais cautela, (de forma) mais ponderada no processo.

7. Como a direita sai das eleições? Está enfraquecida?
Eu acho que aqui a direita saiu muito fortalecida dessa eleição. A direita do Brasil, em tese, não existia. Ou ela não tinha uma organização. Hoje, as pessoas entendem o que é direita, esquerda, centro, centro-direita, centro-esquerda. A população passou a compreender melhor esse esse tabuleiro político. Penso que a direita brasileira, muito pelo contrário, se fortaleceu. O fato de não ter uma vitória eleitoral não significa que não teve uma vitória política. (…) O espectro da centro-direita vai ser organizado, vai ocupar espaço, e vai fazer um contraponto daquilo que entendemos que porventura possa acontecer.

8. E as manifestações contra o resultado das urnas?
Manifestação, se não tiver violência, é uma manifestação, faz parte da democracia. Como a gente já viu por décadas muitas manifestações do outro campo também. Faz parte do show. É um direito do cidadão brasileiro falar que não está feliz com o que aconteceu. Eu respeito. Claro que parar rodovias não é o caminho, isso já foi inclusive pedido pelo próprio presidente da República e foi, de certa forma, respeitado.

Voltar

Compartilhe esta notícia:

Deixe seu comentário

No Ar: Show da Tarde