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Por Redação Rádio Caiçara | 26 de julho de 2022
É raro ver máscaras nas ruas ou governos debatendo um reforço das medidas de distanciamento social, apesar de os casos mundiais da covid terem dobrado nos últimos dois meses, impulsionados pelas novas subvariantes da cepa ômicron, principalmente a supertransmissível BA.5. Os números reais são ainda maiores, já que o acesso a autotestes caseiros, cujos resultados quase sempre não são notificados, cresce progressivamente.
Várias vezes, os sintomas leves ou inexistentes fazem com o que o paciente nem sequer sinta a necessidade de se testar — algo que ocorre principalmente graças à vacinação avançada e à imunidade adquirida em infecções prévias. Segundo dados do Our World in Data, um projeto da Universidade de Oxford, mais de 61% da população global tomou ao menos duas doses. Não se sabe ao certo o percentual dos inoculados com doses de reforço, mas estima-se que seja inferior a 30%.
No último domingo (24), o mundo registrou uma média móvel de 1,1 milhão de diagnósticos — mais que o dobro dos 540 mil registrados em 24 de julho de 2021 e que os 538,6 mil contabilizados no dia 24 de maio deste ano. As mortes, contudo, deixam claro que se trata de um novo momento da crise sanitária. Há um ano, o coronavírus tirava diariamente uma média de 8,6 mil vidas. Hoje, as mortes diárias são menos de 2,3 mil.
Ainda assim, alerta repetidamente a Organização Mundial de Saúde (OMS), é necessário redobrar as atenções. Há apenas um mês, em 24 de junho, o vírus matava menos de 1,5 mil pessoas por dia, e o temor é que o aumento do número de casos e internações signifique uma crise ainda maior quando as temperaturas começarem a cair com o fim do verão no Hemisfério Norte, em setembro.
“Países que desmantelaram algumas partes dos seus sistemas de resposta pandêmica estão assumindo um grande risco. Todos os países têm lacunas”, disse o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na semana passada. “Agora é a hora, enquanto os hospitais não estão lotados, de todos os países agirem para preenchê-las.”
Um dos epicentros globais é a União Europeia, que registrou uma média móvel de 392,9 mil novos casos no sábado, quase o triplo do visto há dois meses e um número próximo ao de março deste ano, época da onda causada pela subvariante BA.2. Quatro dos sete países com o maior número de diagnósticos — França, Alemanha, Itália e Grécia — fazem parte do bloco europeu.
Basta olhar para as fotos do verão na costa mediterrânea, contudo, para perceber que não há a mesma preocupação popular ou oficial vista em momentos anteriores da crise de saúde pública. Com 73% da população vacinada, a opção de momento é conviver com o vírus. A muito afetada indústria do turismo se aproveita da alta estação, e os viajantes internacionais vão e vêm em um ritmo não visto desde o começo da pandemia.
Isto ocorre em parte porque as mortes continuam baixas na União Europeia, na casa de 620 por dia. Em fevereiro, o número era superior a 2,1 mil. Em novembro de 2020, chegava perto de 3,6 mil. Os governos rechaçam a ideia de retomar medidas de distanciamento ou passaporte sanitários, focando seus esforços no aumento da testagem e no incentivo à dose de reforço. Até o momento, cerca 53% dos europeus já tomaram ao menos uma injeção adicional.
Após dois anos de crise sanitária, a fadiga é grande e a pandemia é praticamente relegada às notas de rodapé. O noticiário hoje foca em outros assuntos, como as quedas dos governos na Itália e no Reino Unido, a guerra na Ucrânia, que adentra seu sexto mês, e as queimadas maciças nos meses de verão.
O cenário é similar ao dos Estados Unidos, o segundo na lista de países com maior média móvel de novos diagnósticos, ficando atrás apenas do Japão. Em média, 127 mil americanos são infectados e 444 morrem de covid por dia, aumentos de 19% e 38% em relação a duas semanas atrás, respectivamente, segundo dados do The New York Times.
Mais de três quartos dos casos nos EUA são causados pela BA.5. A subvariante — ou seja, quando há mutações e características diferentes, mas não em volume suficiente para caracterizar uma nova variante — também é a responsável pelo novo surto na Europa. Na semana passada, já causava 53,6% das infecções registradas no planeta, segundo o boletim OMS.
Identificada pela primeira vez na África do Sul em fevereiro deste ano, a BA.5 tem seis alterações na sua proteína spike, o que faz com que seja mais contagiosa que todas as outras variações do vírus. Não há indícios, no entanto, de que seja mais letal ou cause sintomas mais graves.
No Ar: Show da Tarde