Terça-feira, 21 de maio de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 28 de abril de 2024
A pedido da Advocacia-Geral da União, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, ampliou em 60 dias o prazo para renegociação dos valores de acordos de leniência firmados por empresas investigadas pela “Lava-Jato”.
A extensão foi requerida porque dentro do período inicialmente concedido, também de 60 dias, as empresas, a AGU e a Controladoria-Geral da União não conseguiram alcançar um consenso.
“Considerando, pois, o teor das informações sobre os avanços das tratativas de conciliação, concedo mais 60 (sessenta) dias para conclusão das negociações em andamento”, afirmou o ministro do Supremo.
As tratativas envolvem acordos firmados pela força-tarefa até agosto de 2020, antes, portanto, de passar a vigorar o acordo de cooperação técnica assinado por Supremo, CGU, AGU e Ministério da Justiça.
A renegociação ocorre no âmbito de uma ação em que os partidos PCdoB, Psol e Solidariedade pediram a suspensão de todas as leniências firmadas antes do acordo de cooperação técnica de 2020.
Antes da cooperação, afirmam as legendas, a Lava-Jato usava os acordos de leniência para chantagear acusados. Elas solicitaram que o STF avalie a possibilidade de revisar os acordos.
Revisão cabível
Dados da AGU e da CGU mostram que, apenas com a Lava-Jato e suas investigações-filhote, foram combinados pagamentos de mais de R$ 17,6 bilhões — esse total representa 96% dos acordos firmados de 2017 a 2022.
Ao todo, entre 2014 e 2022, a PGR firmou 49 leniências, sendo que 34 delas se referem à “lava jato” ou a investigações correlatas. Mas a proporção tomada pela autodenominada força-tarefa na PGR foi minguando ao longo dos anos.
Ela alcançou seu ápice financeiro em 2017, quando foram assinadas leniências no valor total de R$ 10,4 bilhões, e seu cume de acordos ocorreu em 2020, com nove assinados.
Negociações
O governo tem feito as negociações por meio da AGU e da Controladoria-Geral da União (CGU) com ao menos sete empresas. As empresas com acordos de leniência em processo de repactuação ainda devem cerca R$ 11,8 bilhões ao governo.
Os acordos de leniência são uma espécie de delação premiada das empresas, que revelam o que sabem sobre uma investigação em troca de punições menores.
Por meio deles, as empresas admitem prática de corrupção, com a aplicação de multa e ressarcimento ao Estado. Em troca, escapam de processos de inidoneidade (quando são proibidas de assinar novos contratos com o Poder Executivo) e continuam podendo participar de licitações públicas.
No Ar: Bom Dia Caiçara