Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 17 de julho de 2022
O número de adolescentes entre 13 e 15 anos que dizem não ter amigos cresceu. As informações são de um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE – divulgada na última semana. O levantamento aponta que a tendência afeta mais as meninas e os estudantes da rede pública.
O problema atinge 3,2% dos estudantes das escolas públicas e particulares do País; em 2012, a proporção era de 3,4%. Já o Distrito Federal superou a média nacional: em Brasília, entre 2012 e 2019, o índice passou de 3,2% para 4,4%.
Especialistas destacam os motivos e as consequências desse cenário para a saúde mental dos adolescentes. Para Ricardo Barros, professor de psicologia do Ibmec Brasília, a tecnologia leva parte da culpa pelos resultados apresentados no levantamento.
Para Barros, as pessoas encontram “satisfação” ao interagir com as mais variadas tecnologias. “No fundo, estamos todos viciados. É um fenômeno sociocultural que está em todas a gerações”, aponta.
A analista do IBGE Michella Reis diz que a relação dos adolescentes com a família chama atenção. Segundo ela, houve uma redução no número de responsáveis que acompanham as atividades e escutam os filhos.
Solidão
Quando a solidão, que Barros define como uma epidemia mundial, entra na equação, ela passa a prejudicar as relações futuras dos jovens. “Não fomos feitos para sermos solitários. Fomos feitos para conviver em redes”, aponta o especialista.
A saúde mental é a primeira a sofrer com a escassez de relações. Segundo Barros, quatro hormônios são produzidos pelo corpo durante as interações sociais: ocitocina, dopamina, endorfina e serotonina, considerados os hormônios da felicidade. Para uma pessoa solitária, há déficit na produção.
Meninas
O levantamento aponta que as meninas são as principais vítimas da solidão. Entre elas, o índice variou de 1,8% para 5%, em 7 anos. Entre os meninos, a tendência é oposta: o total que diz não ter amigos caiu de 4,9% para 3,8%.
Para Barros, a inteligência emocional do feminino pode afetar as relações com o outro, a partir do momento em que, para as mulheres, seria mais fácil “perceber os ambientes onde há falta do espaço de diálogo”. O professor explica que, nesses casos, as mulheres se fecham para as relações.
Michella destaca a interferência da imagem corporal para a autoestima dessas meninas e, consequentemente, para a habilidade de se relacionar em grupo e serem vistas. Segundo a pesquisa do IBGE, no Distrito Federal, quase um terço dos estudantes entre 13 e 15 anos se consideram magros ou muito magros. Na outra ponta, 29% das estudantes se consideram gordas ou muito gordas.
Para a analista do IBGE, padrões de beleza impostos “pela sociedade e o patriarcado contribuem para essa insatisfação”.
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