Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 11 de novembro de 2024
Depois de ter admitido, antes das eleições presidenciais americanas, que torcia por Kamala Harris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conta com um aliado importante para fortalecer as relações econômicas com os EUA após a vitória de Donald Trump: o setor privado.
Essa percepção é fruto de contatos informais entre integrantes da diplomacia brasileira e pessoas próximas ao republicano, que assume em janeiro de 2025. Os EUA são os maiores investidores no Brasil, com um estoque estimado em cerca de US$ 230 bilhões.
Executivos de empresas americanas que exportam para o Brasil ou têm investimentos aqui têm dito que o País é prioritário em diversas áreas para os EUA e deve receber atenção da gestão de Trump, de acordo com relatos de integrantes do governo Lula.
Além disso, o governo brasileiro tem recebido notícias animadoras, transmitidas pelos republicanos, inclusive de pessoas que poderão assumir cargos relevantes na nova gestão do republicano. A tendência é Trump adotar uma relação pragmática com países com governantes de orientação política diferente da dele, com base no alinhamento de interesses concretos.
América Latina
Um ponto destacado nesses contatos é que o Brasil, na visão dos republicanos, já está se descolando da América Latina. O país é a oitava economia do mundo, e os temas principais nas relações com os EUA são comércio, investimentos e cooperação energética. Enquanto o forte na agenda com os vizinhos são imigração e combate ao narcotráfico.
Empresas americanas de grande porte, destaca um diplomata, têm sido estimuladas a investir no Brasil. A General Motors, por exemplo, anunciou investimentos de R$ 5,5 bilhões na fabricação de carros híbridos em fábricas de São Paulo. O Google é outro exemplo: disse que investiria de R$ 6 bilhões na América Latina nos próximos cinco anos para fazer do Brasil um de seus polos de inovação.
Apesar da menção a Harris, Lula rapidamente cumprimentou Trump pela vitória e disse que o mundo precisa de paz e diálogo. A avaliação em Brasília é que, apesar do alinhamento de Trump com expoentes da extrema direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o comércio e os investimentos americanos devem ser estimulados. Automóveis, tecnologia da informação, inteligência artificial (IA) e energias renováveis são alguns itens da agenda bilateral.
Avanço protecionista
Os Estados Unidos estão na segunda posição no ranking de compradores de produtos brasileiros. No ano passado, o fluxo de comércio, que é a soma de exportações e importações, foi de US$ 75 bilhões, montante 15% abaixo de 2022. Com a China, maior parceiro comercial do Brasil, o valor registrado no período foi de cerca de US$ 160 bilhões, uma alta de quase 5%. As relações comerciais com os americanos estão em queda, e interessa ao Brasil revitalizar o intercâmbio.
Técnicos da área econômica do governo, porém, afirmam que a expectativa de os EUA se tornarem mais protecionistas, elevando tarifas de importação de produtos como os siderúrgicos, preocupa. Além de dificultar a venda de produtos brasileiros, ao proteger as indústrias nacionais, Trump pode gerar inflação e obrigar a alta de juros nos EUA, o que afeta a política monetária brasileira. Além disso, produtos chineses barrados nos EUA reforçariam o fluxo para outros mercados, como o Brasil, com custo baixo.
Livre comércio
Nas áreas econômica e diplomática do governo brasileiro, uma das estratégias em discussão seria fortalecer o Brasil no comércio internacional com mais acordos de livre comércio. O acordo entre o Mercosul e a União Europeia seria mais que bem-vindo neste momento.
A proximidade política e econômica entre Brasil e China também será acompanhada pelo governo Trump, acredita um interlocutor. O republicano quer retomar sua posição de tentar enfraquecer os chineses a agenda internacional.
Pelo menos por enquanto, não está prevista uma conversa entre Lula e Trump. O governo brasileiro deve procurar a equipe do presidente eleito, quando ela estiver formada. Nos EUA, as posses presidenciais têm a presença de embaixadores dos países com os quais Washington mantém relações. Não são convidados chefes de Estado. Por isso, Lula não participará da cerimônia.
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