Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 7 de agosto de 2023
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou não acreditar que o chefe do Executivo estadual de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tenha defendido protagonismo político para as Regiões Sul e Sudeste contra o Norte e o Nordeste.
Leite explicou que o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) se trata de uma união para tratar de pautas em comum entre as regiões do País, como desenvolvimento, questões tributárias, enfrentamento à pobreza e várias outras.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o governador gaúcho disse não acreditar que Zema tenha feito tais declarações.
“Seremos mais fortes quanto mais formos um só Brasil. Não acredito que o governador Zema tenha dito nada diferente disso. Se disse, não me representa”, afirmou, na legenda.
No vídeo, Leite salienta: “A gente nunca achou que os estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais estados do País. Pelo contrário, a união destes estados em torno da pauta que é de interesse comum deles, serviu de inspiração para que a gente possa, finalmente, fazer o mesmo. Não tem nada a ver de frente de estado contra estado ou região contra região”.
O caso
O anúncio pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), durante entrevista, de uma frente para “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste do Brasil, colocou de lados opostos os gestores estaduais do Norte e Nordeste e os colegas das outras regiões.
O nome do governador mineiro foi o tema de política mais comentado do País na rede social Twitter.
“Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade? Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, disse Zema.
“Já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”, concluiu.
O governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), afirmou que Zema cometeu equívocos e foi “infeliz” nas declarações. Para Azevêdo, o governador mineiro estimula uma divisão entre as regiões no País e não deve ter o apoio dos demais gestores estaduais na mobilização.
“É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no País, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa”, afirmou.
Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o líder do Consórcio Nordeste vinculou as declarações de Zema às eleições do ano passado, ao dizer que a fala é um “resquício” da derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Ele apoiou um candidato que foi derrotado e talvez não tenha entendido que o processo passou e que estamos em um novo momento neste país.”
No último domingo (6), o Consórcio Nordeste publicou uma nota assinada pelo governador da Paraíba para rebater Zema.
“Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, (Zema) indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, diz o documento.
Governadores e outros líderes políticos avaliam que a fala de Zema tem uma explicação clara: as disputas em torno da reforma tributária. O tema dividiu os Estados em dois blocos. De um lado, governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com maioria no Senado, que se sentiram prejudicados com o texto aprovado pelos deputados federais. De outro, Sul e Sudeste, com maioria na Câmara.
Os governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste montaram até um grupo no WhatsApp para discutir a atuação conjunta na tributária. O bloco se mobiliza para aumentar os recursos destinados às duas regiões e reverter o poder do Sul e do Sudeste no conselho que será formado para resolver os entraves tributários.
“No momento em que o nosso país mais precisa de união, o governador Zema, de Minas Gerais, em sua entrevista ao Estadão, revela-se o maior inimigo da federação brasileira. Quem apostar contra a união do povo brasileiro vai perder”, disse o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), nas redes sociais.
No Ar: Show da Tarde