Sábado, 24 de maio de 2025

Sábado, 24 de maio de 2025

Voltar Dólar fecha em R$ 5,05. Saiba por que a moeda americana caiu tanto

O dólar encerrou essa terça-feira (10) com queda de 1,45% ante o real, cotado a R$ 5,05, mesmo diante de tantas incertezas mundo afora, como o conflito entre Israel e Hamas. Considerando a última semana, quando a moeda atingiu o pico de R$ 5,22 e fechou a R$ 5,16, a desvalorização é maior ainda, cerca de 2%. Mas qual motivo vem ajudando o real a se valorizar diante de um contexto tão improvável?

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, explica que a aversão a risco pelo conflito do Oriente Médio está diminuindo, ao passo que a disputa vem sendo vista mais como uma questão humanitária do que econômica:

“Israel não tem tanta representatividade em produção de commodities e tecnologia. O problema será se o Irã entrar na disputa, o que pode afetar a oferta do petróleo, aumentando preços e pressionando a inflação”.

Depois de uma alta superior a 4% no preço do Brent na segunda, o petróleo encerrou as negociações em queda hoje, a US$ 87,65 o barril, o que diminui a expectativa de que maiores taxas de juros sejam necessárias para controlar os preços.

Somado a isso, membros do Federal Reserve vêm afirmando nesta semana que a taxa de juros americana está em nível suficientemente restritivo para fazer a inflação voltar à meta de 2%. As declarações têm feito mais de 85% dos analistas apostarem em uma nova pausa no ciclo de alta de juros na próxima reunião, segundo a ferramenta do CME Group.

Como consequência, os rendimentos dos títulos americanos de dez anos caíram até 0,18 pontos percentuais, para 4,62%, reduzindo o interesse na renda fixa dos Estados Unidos, o que favorece os mercados emergentes, como o Brasil.

Sem a fuga do capital estrangeiro e com maior reserva de dólares no país, o real se valoriza.

“Nas últimas semanas, os treasuries subiram bastante, atingindo recordes de mais de 15 anos, fato que prejudicava os investimentos em ativos de risco. Porém, nesta semana, os treasuries vêm apresentando correção, e os juros futuros brasileiros seguem o movimento”, explica Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital. Segundo ele, “esta queda dos juros futuros em ambos os países favorece a performance das demais moedas frente ao dólar”.

Volatilidade

A volatilidade vista nos últimos dias, afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, é esperada visto que há dificuldades para entender os impactos das mudanças que emergiram após a pandemia.

“Os juros nos EUA são os principais preços da economia global e impactam a atratividade relativa de todas as outras classes de ativos. Particularmente em economias emergentes, como o Brasil, o principal canal é o chamado diferencial de taxas de juros. Quanto menor for esse diferencial, menor é atratividade dos ativos brasileiros, aumentando a pressão para depreciação cambial”, avalia.

Em sua visão, além da pausa na taxa de juros norte-americana, ainda há um fator adicional que contribui para a valorização do real: a expectativa de novos estímulos econômicos na China, que possam aquecer o mercado de commodities, beneficiando empresas brasileiras como a Vale.

Ben-Hur Abed, assessor de investimentos da Ável, concorda. “Se a economia da China voltar ter fôlego, os chineses vão acabar comprando mais commodity da gente. Isso é positivo para a nossa balança comercial, pois acaba entrando muito capital estrangeiro no Brasil, o que puxa o dólar pra baixo”, explicou.

A divisa, no entanto, não deve furar o patamar dos R$ 5 — preço projetado pelo mais recente Boletim Focus para o dólar em dezembro de 2023 — na opinião de Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. Isso só será possível, segundo ele, se os próximos indicadores econômicos a serem divulgados sugerirem que a inflação está mais próxima à meta.

“O câmbio segue sensível às condições macroeconômicas globais e às perspectivas de políticas monetárias. A recente fuga de capital em meio à escalada da aversão ao risco se reverte, à medida que as condições globais tornam as divisas de maior risco, como o real, mais atraentes”, diz Costa.

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