Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Voltar Disputa pela candidatura à vice-presidente da República na chapa de Lula incomoda o PSB, partido de Alckmin

Os rumores de que o MDB e o PSD poderiam ser chamados a compor a chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 estão provocando mal-estar no PSB e incomodando o vice-presidente Geraldo Alckmin, que se filiou ao partido em 2022 para formar a “frente ampla” que ajudou o petista a retornar ao poder.

As eleições municipais consagraram MDB e PSD com o maior número de prefeitos eleitos e esses resultados, somados ao fraco desempenho dos partidos de esquerda, fizeram aumentar dentro e fora do governo federal a sensação de que será necessário compor com as duas siglas para viabilizar a reeleição de Lula. Por outro lado, lideranças como o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e o futuro comandante da sigla e prefeito do Recife, João Campos, já sinalizaram que o partido não abrirá mão do posto.

Em entrevista ao programa “Roda Viva”, no fim de outubro, João Campos afirmou que, “se houver mudança [na vice], pode desagradar muita gente”. Alckmin, por sua vez, tem dito a interlocutores que a discussão é muito precoce, que ainda não se sabe qual será a conjuntura em 2026.

Em conversas com pessoas próximas, quando surge o assunto, ele evita estender o assunto e afirma ainda que a decisão caberá exclusivamente a Lula. Na descrição de aliados, o vice-presidente joga parado e sabe que tem a plena confiança do petista, algo de que o MDB de Michel Temer está longe de desfrutar após o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Já Carlos Siqueira tem dito, segundo o Valor apurou, que o PSB esteve com Lula em momentos difíceis em 2022 e que Alckmin foi importante para a eleição de Lula e a composição da frente ampla que levou o petista de volta ao poder, derrotando por margem estreita o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab compõe atualmente o secretariado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e potencial rival de Lula em 2026. Mas seu partido tem também ministros fortes no governo Lula, como Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura), além do titular da Pesca, André de Paula. Com um pé em cada canoa, Kassab tem defendido que Tarcísio não dispute a Presidência em 2026, mesmo com Jair Bolsonaro inelegível. As elucubrações sobre a possibilidade de uma composição com o PSD têm partido de dentro do próprio governo.

MDB

Mas os nomes mais citados para a vice de Lula são do MDB. Entre eles, estão o governador do Pará, Helder Barbalho, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e a  ministra do Planejamento, Simone Tebet. Desses, Helder é visto como o concorrente mais forte por dois fatores principais.

O primeiro é o protagonismo que o governador vem ganhando com a organização da COP30, que levou bilhões em investimentos federais para Belém a fim de viabilizar a conferência climática mundial marcada para o fim de 2025. O segundo é a sua capacidade de agregar votos da região Norte para Lula. Isso o coloca à frente da concorrência, uma vez que na visão tanto de fontes no Planalto como de aliados de Alckmin, o petista já dispõe da maioria do voto feminino e do Nordeste, representados respectivamente por Tebet e o alagoano Renan Filho.

Publicamente, nenhum deles tem se posicionado sobre o tema. Aliados de Helder com quem o Valor conversou admitem que a vice de Lula é uma ambição do governador, que após dois mandatos seguidos não poderá se reeleger em 2026.

Alckmin

No Palácio, há avaliações mistas sobre Alckmin. Para alguns auxiliares do presidente, a importância de Alckmin para dar a impressão de que há uma frente ampla por trás de Lula expirou. Mas o vice-presidente segue sendo um importante interlocutor com a indústria, à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Entretanto, há quem atribua a ele uma dose de responsabilidade pelas contínuas dificuldades de diálogo do governo com o agro, setor ainda alinhado ao bolsonarismo. Seus aliados rebatem com dois argumentos: o vice-presidente conversa com o agro empresarial que não é radical, e o diálogo com o agro bolsonarista é impossível; além disso, Alckmin não pode invadir as atribuições do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, responsável direto pela articulação entre o governo Lula e o setor.

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