Domingo, 18 de maio de 2025

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Voltar Chefe do Exército exonerado por Lula foi o que ficou menos tempo no cargo desde a redemocratização

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, neste sábado (21). Arruda, nomeado por Lula ainda durante o governo Bolsonaro, assumiu em 30 de dezembro de 2022, o que faz dele o chefe da Força Terrestre que menos tempo passou no cargo desde o fim do regime militar: foram apenas 23 dias.

A demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores, como a recusa de Arruda em permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel General do Exército após os ataques na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, e sua resistência em exonerar o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como “coronel Cid”.

O general exonerado foi substituído pelo então comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que é amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, rechaçou a possibilidade de um golpe após a eleição de Lula e chegou a ser chamado de “melancia” por apoiadores de Jair Bolsonaro.

Surpresa

A demissão do general Arruda foi uma surpresa para o Alto-Comando do Exército, já que, apesar das insatisfações verbalizadas por Lula após o 8 de janeiro, havia uma impressão de que a crise havia sido revertida por Múcio e os comandantes militares.

Na quarta-feira (18), Arruda havia promovido uma reunião com o Alto-Comando da Força para discutir a atual situação do Exército. Foi o primeiro encontro entre todos os generais quatro estrelas após os ataques de 8 de janeiro.

Na conversa, o comandante falou sobre a importância de manter a hierarquia, a disciplina e o controle das tropas. Ele disse que há cobranças para que as Forças Armadas sejam despolitizadas.

Na reunião, a maioria dos generais afirmou que não há politização do Exército, que as tropas seguem controladas e que militares da reserva mancharam a imagem da Força com declarações públicas em tom golpista e contra Lula.

Segundo relatos de generais que participaram da reunião, foi repassada também a ordem para que militares que tivessem participado dos atos de 8 de janeiro fossem identificados e punidos.

Tratava-se, segundo eles, de um esforço dos comandos das Forças Armadas para mostrar ao Palácio do Planalto que não haveria complacência com o golpismo entre os militares, no que foi chamado de fim do “precedente Pazuello”.

Precedente

Em toda a redemocratização, apenas dois outros comandantes do Exército chegaram a ficar menos de um ano no cargo — ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram eles Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que chefiou a força por pouco mais de 11 meses, entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022, e Marco Antônio Freire Gomes, que o sucedeu por 9 meses, até 30 de dezembro, quando foi substituído por Arruda.

Há outra passagem relâmpago no comando da Força durante o período da ditadura militar. O general Vicente de Paulo Dale Coutinho foi nomeado à chefia do Ministério do Exército (nomenclatura anterior do cargo) no início do governo de Ernesto Geisel, em 15 de março de 1974, mas ocupou a posição por menos de dois meses, falecendo no dia 27 de maio do mesmo ano.

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