Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Voltar Brasil volta a ter o maior juro real do mundo: O que isso significa e como impacta o seu bolso

O Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo na última semana. Isto aconteceu mesmo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciar um novo corte da taxa básica, de 0,50 ponto percentual (p.p.). Segundo levantamento, os juros reais do País ficaram agora em 6,90%, no topo do ranking. Em seguida veio o México, com taxa real de 6,89%. O juro real é formado pela taxa de juros nominal do país subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses.

De acordo com o estudo, a volta do Brasil ao topo do ranking reflete a abertura das curvas de juros futuros (expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos), após falas recentes do governo sobre o cenário fiscal do País. As projeções mais baixas para a inflação completam o cenário e também ajudam a explicar a volta do Brasil ao 1º lugar. A Argentina, com índice inflacionário recorde, ficou na ponta oposta do ranking. Apesar de ter as taxas nominais mais altas da lista (133% ao ano), o país também enfrenta um quadro de hiperinflação, o que acaba derrubando as taxas reais.

Segundo o MoneYou, responsável pelo estudo, dois fatores explicam a volta do Brasil para o 1º lugar na lista dos maiores juros reais do mundo: as falas recentes do governo sobre a questão fiscal e as projeções mais baixas de inflação para o país. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “dificilmente” o governo alcançará a meta de déficit zero em suas contas em 2024.

Desde então, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem defendido a adoção de medidas para o alcance da meta, vem sendo alvo de questionamentos sobre o tema.

“Eu não fiquei bravo, é que a jornalista me fez uma pergunta muito dura, assim, de uma maneira que eu não esperava. Vocês me perguntam com educação, eu respondo com educação”, afirmou após jornalistas questionarem e pediram que o ministro não “ficasse bravo” com a insistência.

A ala política do Palácio do Planalto defende a alteração da meta, por temer o impacto das restrições nas contas públicas nas despesas do próximo ano.

Recentemente, em entrevistas feitas a jornalistas, o ministro se esquivou de responder perguntas sobre a meta de zerar o déficit, mas afirmou que não há “nenhum descompromisso” de Lula em relação ao objetivo de equilíbrio fiscal do País.

As afirmações acabaram aumentando as incertezas do mercado sobre o cumprimento da meta fiscal e, segundo o Moneyou, elevaram os juros futuros — cenário que, somado às projeções menores para a inflação, acaram resultando a volta do Brasil ao topo do ranking de maiores juros reais do mundo.

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