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Por Redação Rádio Caiçara | 15 de novembro de 2022
Com tantas produções seguidas para o cinema e TV, atualmente é difícil achar alguma coisa que realmente empolgue dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês). Mas, o que as outras produções não têm é alguém como Ryan Coogler, que no novo “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” (‘Black Panther: Wakanda Forever’, no original) assume a direção e o roteiro.
O diretor conseguiu lidar com tragédias fora das telas. Desde a morte do promissor Chadwick Boseman em 2020 – que o levou a reescrever o roteiro completamente – ao negacionismo de uma de suas estrelas, ele acabou reinventando, mais uma vez, o cinema de herói ao colocar em xeque os efeitos nocivos da colonização.
O filme já entrega logo de cara como vai lidar com a ausência de seu protagonista anterior. Não tem como fingir que a morte de Boseman não aconteceu. A câmera trêmula segue Shuri (Letitia Wright) por seu laboratório, enquanto ela tenta, desesperadamente, encontrar uma cura para a doença misteriosa do irmão, o rei T’Challa.
Sem pausa para o luto, a rainha Ramonda (a excelente Angela Bassett) tem que lidar com as ameaças de outros países em busca dos minerais preciosos de Wakanda. Uma dessas nações é a até então desconhecida Talocan.
Wakanda versus Talocan
Se no primeiro filme muitos se perguntaram como poderia ser uma nação africana sem a mão destruidora do homem branco, o novo “Pantera Negra” consegue usar toda a pirotecnia dos super-heróis para apresentar uma outra nação, uma que conseguiu sobreviver à colonização.
Ao vislumbrarmos a incrível nação subterrânea de Talocan, que teve que evoluir como espécie para fugir da colonização espanhola no México, somos apresentados ao mutante mais antigo do universo marvel, Namor, vivido por Tenoch Huerta. Com maestria, o filme afasta Namor de Aquaman, sua contraparte nos quadrinhos da rival DC Comics.
Essa nova origem do príncipe submarino casa perfeitamente com a proposta dos filmes de Pantera Negra, que destacam a colonização e ecoam ainda mais a realidade. O cineasta David Wilson, americano radicado em Salvador, disse acreditar que uma das inspirações para o roteiro veio da tensão que existe entre as comunidades mexicana e negra em Los Angeles.
Melhora
O filme tem um clima de guerra iminente, boas cenas de ação e uma melhora substancial nos efeitos gráficos em relação ao primeiro, mesmo que ainda deixem um pouco a desejar. Toda ação ainda dá espaço para grandes atuações.
A interpretação de Tenoch Huerta é um dos pontos altos do filme, para esquecer de vez uma série de vilões patéticos de outras produções do estúdio. Seu Namor tem muitas camadas, e o trabalho do ator equilibra a soberba e charme que o personagem exige. O ator, que é mexicano, é mais um exemplo do acerto da ambientação de Talocan, muito diferente da Atlantida neon dos filmes da DC.
Nova adição do elenco, Dominique Thorne vive a super carismática Riri Williams, uma jovem prodígio que movimenta a trama. É muito bom ver Winston Duke interpretando um mais maduro, e ainda assim engraçado, M’Baku.
Quem cresce muito – e esperamos que em outros aspectos também – é a Shuri, de Letitia Wright. Apesar dos imbróglios por causa de declarações controversas sobre vacinação contra a covid, a atriz dá conta de cenas mais dramáticas e entrega peso para uma personagem que recebia um tratamento infantil nas aparições anteriores.
Mas a grande atuação fica mesmo por conta da veterana Angela Bassett. A atriz, que já foi indicada ao Oscar, brilha através de um roteiro que dá muito para a personagem. Ela é nobre, e consegue ser uma rainha e mãe que está vendo toda a família partir.
No Ar: Show da Tarde