Sábado, 04 de outubro de 2025

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Voltar Voo presidencial tem terceiro problema em um ano e expõe sucateamento de aviões da Força Aérea Brasileira

Um avião que transportaria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva presidencial teve um problema técnico nesta semana, em Belém (PA), com causas ainda não reveladas.

O episódio, que se junta a outros dois em menos de um ano, voltou a ser alvo de reclamações do petista e trouxe à tona mais uma vez as restrições orçamentárias que impactam investimentos e podem afetar a manutenção de equipamentos nas Forças Armadas.

Em entrevista a uma rede de televisão no Pará, Lula disse que precisou trocar de aeronave por receio de um incêndio. Nessa sexta (3), ele e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, foram à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, na capital paraense, agradecer por ter se “livrado de decolar e nos mantendo em solo, em segurança”, nas palavras de Janja.

“Ao embarcar para a Ilha do Marajó, teve um problema no motor do avião Casa, da FAB. Tenho que agradecer a Deus porque poderia ter acontecido quando eu estivesse no ar. Ainda em terra, tivemos que descer do avião com medo de o avião pegar fogo”, afirmou.

Há anos, os militares se queixam de que o orçamento do Ministério da Defesa é insuficiente para a realização de investimentos como a renovação da frota e mesmo para a compra de peças necessárias à manutenção dos equipamentos.

Hoje, a pasta à qual estão subordinados Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira (FAB) tem orçamento de 1,06% do PIB. Em 2021, era 1,27%. O ministro José Múcio defende a aprovação da PEC 55, que estipula um percentual mínimo de 2% do PIB para defesa. O orçamento do Ministério da Defesa em 2024 era de R$ 125 bilhões, dos quais R$ 106,8 bilhões se destinavam às despesas com pessoal.

Atividades de custeio, inclusive a manutenção, chegaram a apenas R$ 8,7 bilhões, cerca de 7% do total. Neste ano, o orçamento da União prevê R$ 133 bilhões para a pasta, mantendo mais de 80% do gasto com pessoal e menos de 10% em atividades de custeio e manutenção.

Militares e pessoas familiarizadas com o assunto afirmam que, na FAB e em outras Forças Armadas, tem sido comum ter de postergar manutenções de equipamentos, entre eles aviões de carga, por falta de recursos. Nesta semana, ao visitar a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Múcio se queixou da falta de verba. Em seu discurso, disse que o cenário “não é culpa de nenhum presidente”, e sim da falta de prioridade do segmento em sucessivos governos.

O ministro disse que o Brasil, que tem território 11 vezes maior que o do Chile, tem uma frota de defesa menor que a do país andino.

“Se os senhores querem que eu fale com muita franqueza, vim atrás de ajuda. A defesa nunca fez parte da campanha política de nenhum presidente da República. Temos bastante equipamento, mas não temos dinheiro para combustível. Não temos dinheiro para comprar peças. Falta combustível, falta peça, falta munição”, disse Múcio a senadores.

A aeronave que transportaria Lula e apresentou problemas é um dos onze C-105 Amazonas operados pela FAB. Esse modelo, um turboélice bimotor, está na frota da Força Aérea desde 2006 e foi fabricado pela divisão de defesa da Airbus, segunda maior empresa de aviação do mundo.

No Brasil, o C-105 é empregado em missões de transporte de carga e passageiros, em atividades de paraquedistas e missões médicas. Segundo o Palácio do Planalto, o avião “não integra a frota presidencial, mas foi escolhido por ser adequado às condições da pista no município de destino”.

Lula e seus ministros precisaram embarcar em aeronave reserva, um C-97 Brasília, de menor porte e que tem menos da metade da capacidade de passageiros do C-105. O modelo é um turboélice bimotor EMB-120, fabricado pela Embraer e usado para o transporte de passageiros.

A FAB opera o avião desde 1987, e recentemente esse tipo de aeronave passou a receber atualizações de aviônica, ou seja, de troca de painéis. A depender da configuração, pode receber 30 passageiros.

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