Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Voltar Vladimir Putin aprova lei que permite a prisão de russos que espalhem “notícias falsas” sobre o trabalho de autoridades no exterior

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aprovou formalmente nesta sexta-feira (25) uma lei que diz que pessoas consideradas culpadas por espalhar notícias falsas sobre o trabalho de autoridades no exterior podem ser sentenciadas a até 15 anos de prisão, segundo a agência de notícias Interfax.

A Interfax citou um legislador dizendo que a nova lei era necessária porque as pessoas estavam espalhando “notícias falsas” sobre as embaixadas da Rússia e outras organizações que operam no exterior.

As penalidades são semelhantes às permitidas por uma outra lei adotada no início deste mês — promulgada após a invasão da Ucrânia — que visa punir aqueles que divulgam informações consideradas falsas sobre as Forças Armadas russas, de acordo com a agência.

Na terça, a Rússia abriu a primeira investigação sob a lei contra um conhecido jornalista. De acordo com o Comitê de Investigação da Rússia, Alexander Nevzorov está sob investigação por ter “publicado intencionalmente informações falsas sobre um bombardeio deliberado do Exército russo contra uma maternidade em Mariupol” no Sudeste da Ucrânia.

“Essas publicações foram acompanhadas de fotografias não confiáveis de civis atingidos pelo bombardeio (…). O Ministério da Defesa russo anunciou oficialmente que essa informação era falsa”, disse o comitê em comunicado.

O caso e a nova lei aprovada nesta sexta acontecem em meio a uma repressão crescente contra os meios de comunicação e jornalistas na Rússia, paralelamente à operação militar na Ucrânia. O uso da palavra “guerra”, por exemplo, para descrever a invasão ou para evocar ações contra civis está teoricamente sujeito à ação legal.

Vários meios de comunicação independentes russos e estrangeiros foram bloqueados nas últimas semanas, assim como redes sociais como Twitter, Instagram e Facebook. Na quarta, o regulador de mídia da Rússia restringiu o acesso ao serviço online Google Notícias, acusado de dar acesso a informações falsas sobre a guerra na Ucrânia.

“Cancelado”

Putin acusou também na sexta o Ocidente de tentar cancelar a rica cultura musical e literária da Rússia, incluindo os compositores Pyotr Tchaikovsky e Sergei Rachmaninov, da mesma forma que ele disse que cancelou a autora de “Harry Potter” , J.K. Rowling.

Falando em uma reunião com importantes figuras culturais transmitidas pela televisão nacional, Putin reclamou do cancelamento de vários eventos culturais russos nas últimas semanas e comparou isso às ações tomadas pela Alemanha nazista na década de 1930.

“Não faz muito tempo, a escritora infantil J.K. Rowling também foi cancelada porque ela se envolveu com questões de transfobia.”

“Hoje eles estão tentando cancelar toda uma cultura de mil anos do nosso povo”, disse ele. “Estou falando da discriminação gradual contra tudo relacionado à Rússia.”

“A última vez que uma campanha em massa para destruir literatura censurável foi realizada foi pelos nazistas na Alemanha há quase 90 anos”, disse Putin.

Vários eventos envolvendo figuras culturais russas que manifestaram apoio à guerra foram cancelados, incluindo alguns envolvendo Valery Gergiev, diretor geral do Teatro Mariinsky de São Petersburgo, que falou com Putin durante a reunião de sexta.

Gergiev foi demitido do cargo de regente chefe da Filarmônica de Munique e perdeu a chance de reger no La Scala de Milão depois de não condenar a invasão da Rússia.

O Teatro Real da Espanha, uma das principais casas de ópera da Europa, cancelou apresentações no final deste ano do Balé Bolshoi da Rússia. As casas de leilões Christie’s, Sotheby’s e Bonhams cancelaram as vendas de arte russa em Londres.

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No Ar: Caiçara Confidencial