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Por Redação Rádio Caiçara | 16 de maio de 2023
As intenções são as melhores: fortalecer o metabolismo, turbinar a imunidade ou sentir-se mais protegido contra a covid. Os resultados, porém, vão na direção oposta e podem levar a dores de cabeça, náusea e até comprometimento da função renal. Este é o resultado da intoxicação por vitamina D, consequência do uso indiscriminado da suplementação da substância, cenário em alta no país e realidade relatada nos consultórios de endocrinologia.
Para se ter uma ideia do aumento do consumo no Brasil, a vendagem de produtos do tipo praticamente dobrou entre 2019 e 2022, de acordo com a Associação Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac). Parte desse consumo (que feito de maneira orientada para os pacientes corretos faz bem) é justamente baseado nas defendidas propriedades “milagrosas” que a substância traria ao organismo. Ideia amplamente defendida em postagens na internet, mas sem a devida comprovação necessária.
O aumento de uso desse composto ao longo da pandemia da covid, não é coincidência. Estudos iniciais identificaram que o déficit do índice dessa vitamina estava presente na maioria dos casos graves da infecção pelo coronavírus. Apesar do achado, é impossível dizer a essa altura do campeonato que a suplementação é um trunfo contra a doença e que poderia ser usada como prevenção ou tratamento.
Prova disso é que seis entidades médicas norte-americanas, ligadas à endocrinologia, calcificação de ossos e osteoporose, não concordam com uso do produto como ferramenta de combate para covid (e indicaram até o prosaico banho de sol por 15 ou 30 minutos para quem está em busca de índices melhores da vitamina).
Os males que supostamente seriam aplacados pelo uso da “D” não param por ai: vão do autismo à bronquite, passando pelo câncer, tudo sem lastro em estudos científicos comprobatórios de larga escala, dizem especialistas.
“Temos visto cada vez mais o uso excessivo. Depois da pandemia piorou muito. Alguns estudos chegavam a sugerir um resultado ‘milagroso’ de seu uso, mas essas análises são pequenas e têm muitas limitações”, diz Tarissa Petry endocrinologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. “Há o caso de uma paciente que veio com mais de 200 unidades de medida de vitamina D de exame (quando o normal é de 20 a 30) ela nem sabia que estava fazendo essa suplementação, pois tomava potes de pílulas diversas.”
Em geral, essas pessoas buscam justamente garantir mais saúde e melhorar sua rotina. Há quem, inclusive, não goste de medicamentos tradicionais e prefira os suplementos por acreditar que trata-se de uma saída mais “natural” de encontrar bem-estar, explica Aline Guimarães de Faria, do Hospital Sírio-Libanês.
“Na realidade, a vitamina D age aumentando a absorção do cálcio no organismo. Ela ajuda principalmente na manutenção da massa óssea no corpo”, afirma a médica. “Há grupos em que existe o maior risco de sua deficiência, como as pessoas acima de 60 anos e as que têm osteoporose, tem maior probabilidade de ter deficiência da vitamina. Os jovens, caso não exista uma doença relacionada, não costumam ter problemas. Somente algumas pessoas precisam efetivamente dessa suplementação.”
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