Domingo, 19 de janeiro de 2025

Domingo, 19 de janeiro de 2025

Voltar Venezuela solta mais de 300 presos por protestos após eleição contestada de Maduro

Mais de 300 pessoas detidas nas manifestações na Venezuela contra a questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro foram libertadas. O anuncio foi feito pelo governo nesta quinta-feira (12), a menos de um mês de sua posse para o próximo mandato. Eles fazem parte dos mais de 2.400 indivíduos que foram presos nas horas seguintes à proclamação da vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, que gerou protestos que deixaram 28 mortos e quase 200 feridos.

“Nas últimas 72 horas (10, 11 e 12 de dezembro) foram realizadas 103 solturas, que se somam a 225 medidas cautelares concedidas no dia 26 de novembro”, informou um comunicado da vice-presidência de Segurança, que é liderada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello.

A ONG Fórum Penal, dedicada à defesa de “presos políticos”, disse à AFP que até agora foram soltos 190 detidos: 165 do primeiro grupo e 25 do segundo, alguns deles menores de idade. Os detidos, incluindo mais de uma centena de adolescentes, foram acusados de “terrorismo” e levados para presídios de segurança máxima.

Muitos foram presos sem ordem judicial. O governo criou canais para denunciar suspeitos na chamada “Operação Tun Tun”, em referência ao som da batida na porta quando os oficiais chegam. O governo responsabiliza a oposição – à qual se refere como “setores fascistas e extremistas” – por “perturbar a paz da Venezuela”. As solturas, segundo o comunicado, “são realizadas atendendo à solicitação feita pelo presidente Nicolás Maduro (…) de revisar todas as ações relativas a atos de violência e crimes cometidos no âmbito da eleição de 28 de julho”.

Maduro, que frequentemente apela à “união cívico-militar-policial”, neutralizou duramente as manifestações, que rapidamente perderam apoio, em meio a um clima generalizado de medo. A oposição liderada por María Corina Machado, na clandestinidade, afirma que seu candidato, Edmundo González Urrutia, agora no exílio, derrotou Maduro nas eleições com 70% dos votos e, para provar, publicou cópias de mais de 80% das atas geradas pelas máquinas de votação.

O Conselho Nacional Eleitoral, acusado de servir a Maduro, garante, no entanto, que o presidente de esquerda venceu com 52% dos votos. O órgão não apresentou até hoje a apuração detalhada, como exige a lei. A posse para o período presidencial de 2025-2031 está prevista para 10 de janeiro.

“Já foi enviada uma carta ao presidente eleito, Nicolás Maduro Moros (…) para que seja empossado”, disse, nesta quinta-feira, Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento controlado pelo chavismo.

O presidente já convocou seus apoiadores para saírem “às ruas aos milhões para jurar pela Venezuela, para jurar pela independência, para jurar pela pátria bolivariana”.

“O 10 de janeiro e os anos por vir serão anos de paz”, insistiu Maduro em um ato oficial na terça-feira.

González Urrutia, que os Estados Unidos e vários países reconhecem como presidente eleito, também disse que viajará da Espanha, onde está exilado, para a Venezuela, para assumir o cargo.

“Eu saí da Venezuela de forma temporária, sabia que voltaria a qualquer momento e o momento é 10 de janeiro, data da posse”, disse em entrevista recente ao jornal El País.

“Meu objetivo é tomar posse do cargo para o qual fui eleito e daí em diante, tomar as decisões que tiver que tomar; entre outras, a designação da equipe de governo”, afirmou o diplomata de 75 anos, que se exilou na Espanha, após ser alvo de um mandado de prisão na Venezuela.

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