Domingo, 13 de outubro de 2024

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Voltar Uma em cada cinco mulheres engravida naturalmente após ter um bebê pela fertilização in vitro

Cerca de 20% das mulheres que precisaram de tratamento de fertilidade para conceber seu primeiro filho provavelmente engravidarão naturalmente no futuro. A conclusão é de uma pesquisa inédita feita pela Universidade College London, na Inglaterra.

“Nossas descobertas sugerem que a gravidez natural após ter um bebê por fertilização in vitro está longe de ser rara. Isso contrasta com as opiniões amplamente aceitas – por mulheres e profissionais de saúde – e aqueles comumente expressos na mídia, que é um evento altamente improvável”, disse a autora principal, Annette Thwaites, em comunicado.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Human Reproduction, analisou dados de 11 estudos com mais de 5 mil mulheres em todo o mundo entre 1980 e 2021. Os resultados mostraram que pelo menos uma em cada cinco mulheres concebeu naturalmente depois de ter um bebê usando tratamento, como a fertilização in vitro. Isso foi mais comum dentro de três anos após o procedimento.

A taxa permaneceu inalterada, mesmo levando em consideração os diferentes tipos e resultados do tratamento de fertilidade – juntamente com a duração do acompanhamento.

Efeitos 

O estudo não avaliou o que estaria por trás desse fenômeno, mas a equipe especula que as técnicas de fertilidade, como a estimulação ovariana, poderiam aumentar a concepção natural. Outra hipótese é que as alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e a redução do estresse após o parto também podem ajudar as mulheres a conceber naturalmente.

No estudo, a maioria dos participantes tinha subfertilidade, condição na qual a concepção leva mais tempo do que o esperado. Isso significa que nem todas as mulheres que procuram e se submetem a tratamentos de fertilidade são absoluta ou permanentemente inférteis.

Além disso, um pequeno número de participantes se submeteu à fertilização in vitro por outros motivos, como estar em um relacionamento do mesmo sexo, ser mãe solteira ou barriga de aluguel.

Para a equipe, os resultados desse estudo são particularmente importantes, pois muitas mulheres não sabem que podem tentar conceber naturalmente após o tratamento de fertilidade. Isso pode levá-las a engravidar novamente rapidamente ou quando não estiverem prontas – o que pode ser problemático para a saúde da mãe e da criança.

O próximo passo dos pesquisadores é analisar quais fatores tornam mais provável a gravidez natural após ter um bebê por tratamento de fertilidade. Eles esperam que essas informações possam ser usadas para aconselhar as pessoas a considerar suas opções após um tratamento de fertilidade bem-sucedido.

“Saber o que é possível capacitaria as mulheres a planejar suas famílias e fazer escolhas informadas sobre tratamentos de fertilidade e/ou contracepção”, afirmou Thwaites.

Infertilidade

A infertilidade está aumentado no mundo. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 1 a cada 6 pessoas ou 17,5% da população mundial enfrenta dificuldades para engravidar. O diagnóstico é definido pela falha em conseguir engravidar pelo menos 12 meses de relações sexuais regulares desprotegidas.

A condição, segundo o órgão internacional, afeta o “bem-estar mental e psicossocial das pessoas”. Um dos motivos dessa tendência é a busca pela gravidez cada vez mais tarde. No caso das mulheres, a idade é crucial. A partir dos 35 anos, há uma queda gradativa da reserva ovariana. Ou seja, há redução não apenas da quantidade, mas também da qualidade dos óvulos disponíveis para gerar um embrião.

Mas engana-se quem acha que só as mulheres são afetadas. O envelhecimento também causa uma queda na qualidade seminal entre a população masculina. Além disso, estudos recentes apontam para uma queda na contagem de espermatozoides, de forma geral, nos últimos 50 anos.

Isso, associado às novas formações familiares, faz com haja um aumento gradativo na procura por tratamentos de fertilidade, em especial a fertilização in vitro. Desde o primeiro procedimento, realizado em 1978, mais de 10 milhões de bebês nasceram a partir desse tipo de tratamento.

No Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), plataforma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que monitora a reprodução assistida, existem 193 centros que realizam tratamentos de fertilidade. A maior parte deles, está localizada no estado de São Paulo.

Há um aumento gradativo no número de ciclos de fertilização in vitro realizados anualmente no país. Em 2021, dado mais recente disponível, foram 43.708, em comparação com 42.338 e 33.058 nos dois anos anteriores.

Entretanto, o acesso a esse tipo de tratamento ainda precisa melhorar no país. Na maioria dos casos, o casal arca com a totalidade dos custos, que pode variar entre R$ 5 mil e mais de R$ 50 mil, dependendo do método e da situação da paciente. Não está claro quantos centros no Brasil oferecem esse tipo de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os planos de saúde também não são obrigados a cobrir os tratamentos.

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