Terça-feira, 15 de outubro de 2024

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Voltar Um século depois, o Titanic ainda causa fascínio; entenda o porquê

A mais de 3,8 mil metros de profundidade, diante da remota costa de Terra Nova, jaz o esqueleto de um navio que captura a imaginação das pessoas há mais de um século — enferrujando, decaindo, mas ainda emitindo uma sirene de alerta que convida tanto historiadores e exploradores quanto pessoas comuns a estudar sua trágica história.

O Titanic inspirou livros, filmes, videogames e musicais, rendeu a pesquisadores décadas de explorações e debates. Foi imortalizado por pelo menos sete museus, e seus artefatos rodam o planeta em mostras itinerantes. Cento e onze anos depois de seu naufrágio às profundezas do Atlântico, o malfadado transoceânico de luxo ainda figura com frequência no noticiário: novas imagens dos destroços são publicadas, réplicas são construídas, missões de exploração são lançadas.

No último domingo (18), uma embarcação submersível que transportava cinco pessoas ao naufrágio do Titanic desapareceu. Os mortos em uma implosão catastrófica integravam uma expedição cujo ingresso individual custava US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão), organizada pela OceanGate Expeditions, uma empresa privada que começou a levar clientes nessa viagem em 2021.

Fascínio

A decisão dos passageiros de embarcar na jornada ao fundo do oceano — e a atenção internacional que o desaparecimento do submarino tem recebido — reflete o duradouro fascínio que o Titanic exerce na imaginação das pessoas.

“Para muitos de nós, ele é muito mais que um navio”, afirmou Rafael Avila, que compartilha histórias a respeito do Titanic em sua conta no TikTok, que tem mais de 650 mil seguidores.

O Titanic ocupa um lugar especial na história e no folclore da humanidade há mais de um século, possui “um grande valor metafórico e místico na consciência humana”, conforme afirmou o diretor de cinema James Cameron — cujo sucesso de bilheteria de 1997 a respeito do naufrágio segue sendo o quarto filme mais lucrativo de todos os tempos — durante uma entrevista ao Independent, em 2005. Esse fascínio, afirmam pesquisadores, é resultado de um interesse humano nas histórias dos passageiros e nas singularidades em torno do naufrágio.

“É a história imponderável: o maior navio já construído, supostamente impossível de afundar e cheio de gente rica e famosa, bate num iceberg e afunda em sua viagem inaugural”, afirmou o historiador Don Lynch, especialista em Titanic, “e vai a pique tão vagarosamente que todo um drama é encenado”.

Mistério

O Titanic afundou em 15 de abril de 1912, no Oceano Atlântico, depois de atingir um iceberg na calada da noite. Cerca de 1,5 mil passageiros morreram e 700 foram resgatados. Apesar de numerosos esforços, levou 73 anos até o naufrágio ser descoberto, em 1985, a cerca de 600 quilômetros da costa de Terra Nova, a 3.810 metros de profundidade.

Outros naufrágios tão mortíferos quanto — ou mais — se perderam na história. Mas o Titanic segue na memória. A maneira que a tragédia transcorreu, com transmissões radiofônicas e fotografias correndo o mundo, e a variedade de origens das pessoas a bordo criaram um poço profundo de histórias que rendeu ao público décadas de estudos e análises, afirmaram pesquisadores: como e por que o navio afundou, onde e quando ele se partiu em dois, quais histórias sobreviveram e quais se perderam para o mar.

“É um dos poucos desastres que teve tempo para desenvolver o drama completo das escolhas humanas”, afirmou o professor de literatura aposentado Stephen Cox, que lecionou na Universidade da Califórnia, em San Diego, e escreveu “The Titanic Story: Hard Choices, Dangerous Decisions” (A história do Titanic: escolhas difíceis, decisões perigosas). “Normalmente, quando um navio está prestes a afundar, ele afunda bastante rapidamente. O Titanic demorou 2 horas e 40 minutos para ir a pique, o mesmo tempo de duração de uma peça de Shakespeare.”

Cultura pop

“É um dos poucos desastres que teve tempo para desenvolver o drama completo das escolhas humanas”, afirmou o professor de literatura aposentado Stephen Cox, que lecionou na Universidade da Califórnia, em San Diego, e escreveu “The Titanic Story: Hard Choices, Dangerous Decisions” (A história do Titanic: escolhas difíceis, decisões perigosas). “Normalmente, quando um navio está prestes a afundar, ele afunda bastante rapidamente. O Titanic demorou 2 horas e 40 minutos para ir a pique, o mesmo tempo de duração de uma peça de Shakespeare.”

Esses elementos abasteceram um século de marcos na cultura pop que tornaram esse desastre um episódio amplamente conhecido. O primeiro filme saiu apenas 29 dias depois da calamidade se abater; o mais recente, o documentário chinês “The Six”, foi lançado em 2020. Um guia de referências online, o website Encyclopedia Titanica, é dedicado ao tema. As pessoas intercambiam histórias em clubes e fan pages — e compartilham informações em podcasts.

“É uma história sem fim”, afirmou Paul Burns, vice-presidente e curador da Titanic Museum Attraction, que conta com dois museus, em Branson, Missouri, e Pigeon Forge, Tennessee. “O Titanic é infinito. Tinha cerca de 2.208 pessoas a bordo e, entre as que sobreviveram e as que morreram, há muitas histórias.”

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