Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 27 de dezembro de 2022
Mesmo após o fim do ciclo “intenso e tempestivo” de alta da Selic (básica de juros), a taxa média de juros no crédito livre subiu de 42,7% ao ano em outubro para 44,1% ao ano em novembro, informou nessa terça-feira (27), o Banco Central (BC). Em novembro de 2021, era de 33,7%.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 57,2% para 59% ao ano de outubro para novembro, enquanto para as pessoas jurídicas ficou estável em 23,4%.
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 133,4% ao ano para 135,5% ao ano de outubro para novembro. No crédito pessoal, a taxa passou de 42,3% para 44,5% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Os dados divulgados nessa terça mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,2% ao ano em outubro para 27,7% em novembro.
No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, o aumento foi de 22,4%.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 30,1% ao ano em outubro para 31,4% ao ano em novembro. No penúltimo mês de 2021, estava em 24%.
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,1 ponto porcentual em novembro ante outubro, aos 21,7% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Consignado
Depois de serem forçados a partir para linhas de crédito mais arriscadas e com retorno maior durante a pandemia, quando a taxa Selic estava na mínima histórica de 2%, os bancos voltaram a colocar o pé no freio.
O aumento da inadimplência e, consequentemente, das provisões para perdas levou as instituições a ajustarem suas carteiras, seja com maior conservadorismo na concessão de crédito seja aumentando a exposição em linhas mais seguras, como o consignado, o que elevou as taxas médias dos juros cobrados nessas modalidades.
O esforço para diversificar a carteira de crédito e se blindar da inadimplência foi mencionado pelos executivos nas apresentações de resultados. No consignado, as parcelas são descontadas na folha, eliminando os riscos.
O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, explicou, na divulgação do balanço trimestral, que foram feitos ajustes relevantes na concessão de crédito. O banco registrou uma inadimplência mais controlada que a de seus pares. Maluhy destacou o crescimento em consignado de órgãos públicos, estratégia também adotada pelo Santander.
Segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros no consignado para trabalhadores do setor privado atingiu 45,6% em outubro. Para beneficiários do INSS, chegou a 26,9%, e para servidores públicos, a 26,4%. Um ano antes, as taxas eram de 32,4%, 20,6% e 17,9%, respectivamente.
As elevações são superiores às vistas em instrumentos de crédito considerados mais arriscados para os bancos, como o cheque especial, que continuam caros justamente pelo risco embutido.
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