Segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 5 de novembro de 2023
A tensão em torno da lista de estrangeiros e palestinos com dupla cidadania que recebem autorização para sair da Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, aumentou com a exclusão, pelo quarto dia consecutivo, do Brasil da lista de cidadãos beneficiados. Após vários contatos do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com chanceleres de diversos países, entre eles Israel e Egito, entrou em campo o Assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, que telefonou para o Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, para expressar, disse uma fonte do governo brasileiro, “inquietação pela não inclusão do Brasil”.
Paralelamente, a Embaixada de Israel em Brasília divulgou nota responsabilizando o Hamas pela não inclusão do Brasil. O texto, porém, não explica, os motivos. Na sexta-feira (3), informação dada por uma autoridade do primeiro escalão governo de Joe Biden ao New York Times de forma anônima também atribuiu a demora na retirada de estrangeiros à suposta tentativa do Hamas de incluir combatentes feridos. E ao temor do Egito da entrada de terroristas em seu território.
A Casa Branca é uma das principais aliadas de Israel na guerra contra o Hamas, e o objetivo de Amorim na conversa, frisou a fonte, foi de que a preocupação do Brasil chegasse ao governo de Benjamin Netanyahu. O governo Lula, enfatizou o assessor presidencial na conversa, não compreende por que o Brasil segue de fora.
Já os americanos, pelo terceiro dia consecutivo e durante visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, à região, foram a maioria na lista, com 386 cidadãos autorizados. Ela incluiu ainda britânicos (112), franceses (51) e alemães (50). As negociações para a retirada de civis com nacionalidade estrangeira envolvem Israel, Egito, Catar e EUA.
Casa Branca
Blinken visitou Israel, Jordânia. Ele se reuniu com o primeiro-ministro do Líbano em Amã, e com os ministros das Relações Exteriores da Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito, além de representantes palestinos, informou o Ministério das Relações Exteriores da Jordânia.
Esses países têm estado entre os mais enérgicos na condenação aos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas e onde vivem 2,3 milhões de palestinos.
Até agora, a guerra entre o Hamas e Israel, iniciada em 7 de outubro, já contabiliza a morte 1.400 israelenses, e pelo menos 9.488 palestinos, incluindo 3.900 crianças, informou o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
Os últimos bombardeios de Israel à cidade de Gaza provocaram uma enérgica reação internacional, e aumentaram a preocupação do governo Lula pela situação dos brasileiros que estão no enclave.
A nota da embaixada de Israel em Brasília diz que “o Estado de Israel está fazendo absolutamente tudo que pode e que está ao seu alcance para que todos os estrangeiros deixem a Faixa de Gaza o mais rapidamente possível. Qualquer outra afirmação está errada e é fruto de fake news ou desinformação sobre essa complexa e desumana situação criada exclusivamente pelo Hamas”.
A fonte da Casa Branca que pediu anonimato ao New York Times afirmou que o Hamas enviou repetidamente a Israel, aos EUA e ao Egito listas com cidadãos palestinos que foram feridos e deveriam ser autorizados a partir para o outro lado da fronteira composta por vários combatentes do Hamas.
No telefonema entre Amorim e Sullivan, o brasileiro comentou que Brasília acha estranho o país, um dos primeiros a iniciar ações para retirar seus cidadãos da região de conflito, ainda não ter sido incluído na lista. O assessor internacional de Lula alertou o conselheiro americano sobre a possibilidade de que o grupo de brasileiros possa ser alvo de ataques. Na conversa, Amorim disse a Sullivan que informasse a Israel sobre a preocupação do Brasil, e a resposta do americano, comentou a fonte, foi a de que faria o possível para que o recado chegasse até Benjamin Netanyahu.
Amorim encerrou a conversa com Sullivan sem respostas sobre o motivo pelo qual o Brasil ainda não foi incluído na lista. A promessa, feita pelo chanceler de Israel, Eli Cohen, a Vieira na última sexta, de uma inclusão do Brasil até a esta quarta (8), não acalmou o governo brasileiro, diante do cenário na Faixa de Gaza.
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