Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 21 de setembro de 2022
Enquanto o partido italiano de origem fascista – o Fratelli d’Italia – está, segundo as pesquisas, na liderança nas eleições parlamentares do próximo domingo na Itália, os setores de esquerda e as feministas estão apreensivos com a visão da extrema direita sobre o lugar da mulher na sociedade.
Uma multidão participou da marcha à luz de velas em memória de Alessandra Matteuzzi, assassinada por seu ex-parceiro na rua – um feminicídio, segundo relatórios da polícia. Durante o protesto, a perspectiva de um governo liderado pela extrema-direita foi considerada preocupante.
“As mulheres estão mal protegidas, será ainda pior”, denuncia Chiara, da associação a comuna de Bolonha, que também teme ataques ao direito ao aborto. “Na região de Las Marcas [leste], onde Fratelli d’Italia governa, o aborto não é disponibilizado devido a uma taxa muito alta de objeção por parte dos médicos, e a pílula do dia seguinte é distribuída apenas seletivamente”, explica ela.
O programa da candidata de extrema direita ao Parlamento, Giorgia Meloni, inclui medidas como o enterro de fetos sem o consentimento da mulher que aborta, ou a obrigação de ouvir o coração do feto antes de abortar.
Obscurantismo e obsessões macabras – “Negar às mulheres seus direitos, a autodeterminação sobre seu corpo, sua própria emancipação, não é apenas um retrocesso, mas também um desastre da democracia”, diz Rita Monticelli, conselheira do Partido Democrata em Bolonha, de centro-esquerda, que denuncia o obscurantismo e obsessões macabras. “À esquerda, quando falamos de feminismo, não estamos falando apenas de mulheres, mas da sociedade como um todo. Trata-se de valores básicos”, diz ela.
Giorgia Meloni, cujo lema é “Deus, Família, Pátria”, diz que quer dar à mulher o direito de “não fazer um aborto”.
Eleições italianas
O partido Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), que é favorito para vencer as eleições nacionais no fim de semana, suspendeu um de seus candidatos nesta terça-feira (20) depois que ele elogiou o ditador nazista Adolf Hitler em postagens online.
O Irmãos da Itália tem suas raízes em um grupo neofascista criado após a Segunda Guerra Mundial, mas sua líder Giorgia Meloni, que deve ser a próxima primeira-ministra da Itália, procurou se distanciar da extrema direita e diz que seu partido segue o conservadorismo padrão.
Críticos, no entanto, dizem que simpatizantes fascistas ainda florescem em suas fileiras, e o jornal “La Repubblica” publicou esta semana um comentário em rede social postado há oito anos pelo candidato do partido Calogero Pisano, saudando Hitler como um “grande estadista”.
Pisano, que estava concorrendo à eleição na ilha da Sicília, também em uma publicação de 2016 elogiou alguém por definir Meloni como uma “fascista moderna”, escrevendo que os Irmãos da Itália “nunca esconderam seus verdadeiros ideais”.
O surgimento das publicações atraiu a ira dos judeus da Itália. “A ideia de que aqueles que elogiam Hitler possam se sentar no próximo Parlamento é inaceitável”, escreveu Ruth Dureghello, chefe da comunidade judaica em Roma, no Twitter.
Respondendo à controvérsia, o Irmãos da Itália disse que estava suspendendo Pisano com efeito imediato. “A partir deste momento, Pisano não representa mais (o partido) em nenhum nível”, afirmou em comunicado.
O próprio Pisano pediu desculpas. “Anos atrás, escrevi coisas profundamente erradas”, disse ele no Facebook, acrescentando que havia removido as postagens há algum tempo.
O Irmãos da Itália deve emergir como o maior partido do país na votação de 25 de setembro e levar uma aliança de partidos de direita a uma vitória eleitoral fácil.
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