Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 22 de janeiro de 2023
A resistência do general Júlio César de Arruda em retirar a designação do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid ao cargo de comandante do Primeiro Batalhão de Ações de Comandos pesou na decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em trocar o comando do Exército
Segundo auxiliares do Planalto, Arruda teria resistido em retirar a designação do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid para comandar o Primeiro Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia (GO). Trata-se de uma das unidades do Comando de Operações Especiais do Exército, e, por estar nos arredores de Brasília, passível de ter que ser acionada para garantir a segurança da capital. A designação foi feita em maio do ano passado, ainda durante o governo Bolsonaro.
A exoneração de Arruda foi anunciada no sábado (21). No lugar dele, o presidente vai nomear o então comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
A demissão ocorreu também após indisposição do governo com o Exército em razão da invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Parte dos extremistas que atacaram os prédios públicos estava acampada em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
O general teria exigido que os ônibus dos manifestantes, que haviam sido apreendidos pela Polícia Militar por ordem do ministro da Justiça, Flávio Dino, fossem devolvidos. Dino afirmou que não devolveria, porque era prova do cometimento de um crime, e assim seriam tratados.
Dedo em riste
Arruda, subindo o tom de voz, insistia que ninguém seria preso no acampamento, conforme relatou a repórter Marina Dias. O ministro da Justiça também alterou a voz e manteve que a ordem dele seria cumprida e todos seriam presos.
Antes, o general havia discutido, chegando a colocar o dedo na cara do interventor Ricardo Cappelli e do então comandante da PM, coronel Fábio Augusto Vieira.
O policial, preso por determinação de Alexandre de Moraes, afirmou, em seu depoimento à polícia, que o Exército havia proibido que as prisões fossem feitas. Em dado momento, Arruda dirigiu-se para o policial, também com o dedo em riste. “O senhor sabe que a minha tropa é um pouco maior que a sua, né?”, disse, em tom de ameaça, referindo-se às tropas da PMDF e do Exército.
Coronel Cid
Apontado como o pivô da demissão do general Júlio Cesar de Arruda do comando do Exército, feita neste sábado pelo presidente Lula, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o Mauro Cid ou “coronel Cid”, tem um histórico de relacionamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro que vem de família. Ele é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega do ex-chefe do Executivo no curso de formação de oficiais do Exército.
O militar conhecido como coronel Cid é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) pela divulgação de dados sigilosos de um inquérito da Polícia Federal sobre um possível ataque hacker no sistema do Tribunal Superior Eleirotal (TSE). Ele foi indiciado pelo crime de divulgação de documento sigiloso. No andamento dessas investigações, o ministro Alexandre de Moraes determinou a quebra dos sigilos telemáticos e bancário dele. O inquérito passou, então, a ser sigiloso.
Caixa 2
Uma investigação da Polícia Federal, sob ordens do Supremo, também apura um suposto esquema de Caixa 2 dentro do Palácio do Planalto que seria gerenciado por Cid. O Caixa pode ter ajudado a financiar os atos do dia 8 de janeiro.
De acordo com o site Metrópoles, Cid é responsável pelo pagamento das contas da família Bolsonaro. Muitas das operações realizadas pela equipe do ajudante de ordens era com dinheiro em espécie, sacados na boca do caixa de uma agência bancária que fica dentro do Palácio do Planalto.
O ajudante de ordens de Bolsonaro seria o elo entre o ex-presidente e militantes bolsonaristas, entre eles o blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira e que fugiu para os EUA, onde vive.
De acordo com o site, os líderes dos atos extremistas tiveram acesso ao ex-presidente através do celular de Cid.
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