Sábado, 27 de julho de 2024

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Voltar Queda nos juros: voto de desempate no Banco Central não ocorria desde 2007

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, precisou dar um voto de minerva na última quarta-feira (2) para definir o novo patamar de juros básicos do País. A situação não acontecia desde 2007, há 16 anos.

Com os votos empatados entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), ficou nas mãos de Campos Neto conceder um corte maior da taxa Selic, levando os juros de 13,75% para 13,25% ao ano.

Um levantamento feito pela LCA Consultores, com o resultado de reuniões do Copom desde 1999, mostra que o voto de minerva só aconteceu três vezes. Nas outras duas, o presidente do BC era Henrique Meirelles.

*Na última delas, em julho de 2007, o BC também decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, de 12% para 11,5% ao ano. Os votos divergentes queriam uma redução menor, de 0,25 p.p.

*Duas reuniões antes, contudo, Meirelles votou com o grupo mais cauteloso. O Copom optou por redução de 0,25 p.p., de 12,75% para 12,5% ao ano, enquanto os divergentes queriam uma redução de 0,5 p.p.

De acordo com o economista Bruno Imaizumi, da LCA, apenas 15% das 225 reuniões do Copom no período não foram unânimes, e é comum que o Comitê opte por uma política monetária mais branda quando há divisão.

“Um fato curioso é que 21 de 33 vezes que tivemos votos divergentes, prevaleceram as posturas mais ‘dovish’ (64%)”, diz Imaizumi.

Na quarta, Campos Neto divergiu dos seus próprios indicados ao BC em 2021: Diogo Guillen, Fernanda Guardado e Renato Dias de Brito Gomes, que votaram por uma queda menor, de 0,25 ponto percentual. Os três, somados a Maurício Moura, deram os quatro votos favoráveis, adotando cautela maior sobre o corte de juros.

O economista votou em uma redução de 0,50 ponto percentual ao lado de Ailton Aquino, Carolina de Assis Barros, Gabriel Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. No comunicado, o Copom disse ainda que, nas próximas reuniões, pode continuar trazendo reduções “da mesma magnitude” na Selic. Ou seja, cortes de 0,5 ponto percentual.

Com a decisão, o presidente do BC diminui a pressão política que vinha sofrendo nos últimos meses. A cobrança por uma queda na taxa veio não só do Executivo, mas do Senado, casa que tem a competência para votar sua exoneração do cargo.

A próxima reunião do Copom será nos dias 19 e 20 de setembro de 2023. No final do segundo dia, o comitê vai divulgar o novo valor da Selic, atualmente em 13,25% ao ano, e o Banco Central deixou a porta aberta para eventuais ajustes, ou seja, a última decisão não foi acompanhada de viés.

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