Quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 3 de dezembro de 2023
A provável saída de Flávio Dino (PSB) do Ministério da Justiça para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) deu início a uma corrida de aliados para ficar com o cargo na Esplanada. A disputa de forças envolve três partidos e um grupo de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT já atua para enfraquecer o nome preferido do PSB, enquanto quadros do MDB e do movimento Prerrogativas também surgem como cotados. Em paralelo, a possibilidade de divisão da pasta para a criação de uma estrutura dedicada exclusivamente à Segurança Pública, promessa de campanha do petista, perdeu força.
O PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, decidiu reivindicar a Lula a permanência no comando do ministério. O nome sugerido é o do atual secretário-executivo, Ricardo Cappelli, braço-direito de Dino e que enfrenta resistências no PT.
Aparecem ainda na equação a ministra Simone Tebet (Planejamento), do MDB, e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, que tenta se cacifar. Ele é distante da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), mas tem a simpatia de deputados como Rui Falcão (SP), ex-comandante da sigla. O ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski é outro cotado.
Aposta alta
Reservadamente, lideranças das siglas admitem que há pouca possibilidade de ficarem com o ministério. O movimento teria como objetivo permitir que, pelo menos, o PSB mantivesse o comando de algumas das secretarias da pasta. Hoje, três são ocupadas por nomes do partido.
Apesar das indicações feitas por Lula — de Dino para o STF e Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República (PGR) — terem desagradado a uma ala expressiva do PT, o partido não deve entrar em uma disputa aberta com o PSB pelo posto. Três deputados petistas de diferentes correntes disseram que não veem espaço para a legenda reivindicar o Ministério da Justiça, com ou sem divisão, porque Lula não tem levado em conta as posições de seus colegas de partido. Um dos parlamentares destaca que, tampouco, a bancada se mobiliza para apresentar o pleito.
Há uma leitura, no entanto, de que a própria Gleisi, apesar de não ter sido procurada por Lula e não estar fazendo movimentos ostensivos, teria interesse na pasta. Caso assumisse o ministério, ela é vista por aliados como alguém que poderia manter os embates com o bolsonarismo feitos por Dino.
Resistência a Cappelli
A resistência a Cappelli no PT é tamanha que uma ala do partido do presidente vinha defendendo a divisão do ministério, mas o movimento arrefeceu depois da indicação de Dino para o Supremo. A avaliação é que o secretário-executivo teria mais chance de ser nomeado por Lula para a eventual nova pasta da Segurança Pública do que para um ministério no formato atual. Como não quer Cappelli no primeiro escalão do governo, o grupo de petistas decidiu parar a campanha pelo desmembramento.
Caso o formato atual seja mantido, as chances de Capelli seriam menores, porque ele, jornalista, não é formado em Direito. Cappelli teve embates com o PT ao longo de sua trajetória política. Setores do partido dizem que o recuo agora não significa que a divisão fique fora do radar por muito tempo e avaliam que o assunto pode voltar em uma eventual reforma ministerial no ano que vem, por exemplo.
Fator Lewandowski
Interlocutores do Palácio do Planalto veem o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski como um nome forte e, caso o presidente leve a ideia adiante, difícil de ser superado por outro concorrente. Lewandowski, que está em Dubai, com Lula para a COP28, já disse que não pode “recusar um convite que não foi feito”.
Já em relação a Tebet, o entorno de Lula enxerga interesse dela na troca de ministério. A titular do Planejamento é advogada e já foi professora de Direito Público e Administrativo em universidades.
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