Quinta-feira, 10 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 11 de janeiro de 2024
Em um post no Instagram, um médico diz que o vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, possui uma proteína “extremamente tóxica” que inflama os órgãos. Segundo ele, os imunizantes induzem o corpo a produzir a mesma proteína inflamatória, mas no caso das vacinas essa substância se espalharia mais, com potencial de causar sequelas. Não há comprovação para essas alegações.
A proteína spike é uma estrutura existente no SARS-CoV-2, e é responsável por ligar o vírus à célula humana. Os imunizantes de tecnologia RNA mensageiro, como o da Pfizer e o da Moderna, ensinam o corpo a produzir essa proteína e, assim, o sistema imunológico cria anticorpos contra ela, conseguindo, posteriormente, identificar e combater o coronavírus caso ele infecte o corpo.
Ao contrário do que é alegado no post, a proteína produzida a partir da vacina não permanece no corpo causando inflamação a longo prazo. Conforme a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, após a spike induzir a resposta imunológica, ela é desintegrada: “Essa proteína não fica permanentemente nas células. Ela só é fabricada e induz a resposta imunológica, o reconhecimento e a fabricação de anticorpos contra ela, que é o principal antígeno do vírus”, disse.
Segundo Mônica, os imunizantes não contém a proteína: apenas ensinam o corpo a produzi-la. “A vacina tem o código genético, que é o mensageiro, para o corpo fabricar a proteína, e não para fabricar o vírus inteiro”, explicou.
A presidente da SBIm ressalta que outras vacinas usam outras proteínas. “A proteína spike foi o antígeno que se optou neste caso. Outras plataformas estudadas, para outras vacinas, usam outras proteínas, outros componentes de vírus como antígeno ou até o vírus inteiro morto”, afirmou.
Além disso, destaca a médica, as inflamações provenientes da covid-19, como a síndrome inflamatória multissistêmica, são causadas pelo vírus inteiro. Não há como saber, até o momento, se a proteína é particularmente responsável por algum processo inflamatório. “A spike faz parte do vírus, não existe um dado estatístico de uma parte do vírus. Quando se avalia o impacto da doença você não está avaliando o antígeno (proteína), você está avaliando o vírus inteiro”, explicou.
Como explicou recentemente o Comprova, coalizão de veículos de imprensa da qual o Verifica participa, a possibilidade de a proteína spike produzida pelas vacinas ser tóxica é discutida por pesquisadores. O assunto ainda está sob evolução, mas estudos concluem que os imunizantes “são uma boa aposta por serem muito menos tóxicos do que as proteínas spike produzidas durante as infecções virais que previnem”.
Um artigo publicado pela Universidade de Berkeley defende que a quantidade de proteína spike que circula no corpo após a vacinação é muito menos concentrada do que as quantidades observadas em pacientes com covid-19 grave.
Procurada pela reportagem, a Pfizer afirmou que a proteína spike, assim como todos os componentes que participaram da resposta imunológica à vacina, são eliminados do corpo em poucas semanas pelos mecanismos fisiológicos normais do sistema celular. A farmacêutica reforça que a composição do imunizante e os eventos adversos que podem ser relacionados à vacina que foram identificados durante as fases de estudo pré e pós comercialização constam na bula do produto.
Por fim, a empresa ressalta já ter distribuído mais de 4.6 bilhões de doses da vacina em mais de 181 países e não há, até o momento, alerta de segurança ou preocupação. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde mantêm a recomendação pela continuidade da vacinação, uma vez que, até o momento, os benefícios das vacinas superam em muito os riscos.
No Ar: Show Da Manhã