Terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 6 de novembro de 2023
Alvo de ataques nas redes sociais, a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, afirmou ter reclamado da profusão de fake news a seu respeito à direção do Google, empresa que controla a ferramenta de buscas mais usada na web.
Em entrevista ao jornal O Globo, Janja disse ter ficado sem resposta sobre sua queixa. “As big techs são responsáveis por muita violência digital”, disse ela.
Na conversa, a socióloga paranaense também falou sobre os desafios de ampliar a presença feminina na política e o incômodo ao ver reuniões em Brasília dominadas por homens.
Em dez meses no poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu três mulheres que ocupavam postos-chaves — Daniela Carneiro do Ministério do Turismo, Ana Moser do Ministério dos Esportes e Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal — para abrigar outros nomes indicados por caciques do Congresso.
1) Já disse ser alvo de mentiras, ameaças e ataques, até mais que o presidente Lula. Como enfrenta isso?
A maioria dos ataques é pelas redes sociais. Contra a minha honra, exposição de deep fake (vídeos e imagens criados por meio de inteligência artificial), usando meu rosto em outro corpo. Sou o alvo preferido dos bolsonaristas. Isso é fato. Por algum motivo, incomodo. Tive uma conversa com uma diretora da Google sobre empreendedorismo feminino. E falei: “Sabia que digitando no Google ‘Janja prostituta’ aparecem trocentas fake news?”. Ficaram sem resposta, porque ganham dinheiro com isso. As big techs são responsáveis por muita violência digital. Já fiz denúncias. Tenho três processos na Justiça. Tem também a violência e o machismo do entorno. Entendo, mas não aceito.
2) Do entorno presidencial?
Do entorno próximo. Não está no meu controle. O que as pessoas pensam e falam não está na minha governabilidade. Eu tento não levar para o lado pessoal e responder com trabalho.
3) Como é ser a única voz feminina no entorno do presidente?
Há pouquíssimas mulheres mesmo, mas, veja bem, não participo das reuniões do presidente Lula. O povo acha que eu fico lá sentada. Não faço isso. Todo dia, ele tem uma reunião com os ministros do Palácio do Planalto, mas não estou nesses espaços de decisão. Minhas conversas com o presidente são dentro de casa, no nosso dia a dia, no fim de semana, quando a gente toma uma cerveja. Quando estou incomodada, eu vou lá e questiono. Não é porque eu sou mulher do presidente que vou falar só de marca de batom.
4) Antes de o presidente Lula assumir, você dizia querer ressignificar o papel de primeira-dama. Conseguiu fazer isso?
O papel de primeira-dama sempre foi muito quadrado, colocado numa caixa em que a mulher do presidente recebe pessoas e faz caridade. Eu sou socióloga e nunca fui de gabinete. Ia para o campo. Achava que podia trazer essa experiência para cá. Querendo ou não, quase tudo que falo ganha amplitude. Por que não fazer isso por pautas que são relevantes?
Mais mulheres na política, violência contra a mulher, exploração sexual de crianças e adolescentes… Isso é mais importante do que ficar só fazendo jantar ou chá das cinco. Por que a primeira-dama não pode também estar contribuindo com o desenvolvimento do Brasil? Continuo indo ao supermercado e à farmácia, e as mulheres me dizem que eu estou no caminho certo. O presidente sempre disse para mim: “Você vai fazer o que achar que tem que fazer”.
No Ar: Show da Tarde