Terça-feira, 30 de setembro de 2025

Terça-feira, 30 de setembro de 2025

Voltar Presidente do Banco Central ouve pedidos para cortar juros e descarta “agir com emoção”

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta semana que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15% demonstra a necessidade de cautela diante de um cenário ainda incerto.

Segundo ele, “o BC não pode agir com emoção”, mesmo após a deflação recente e a melhora nas expectativas do mercado.

Durante participação em evento do Itaú, em São Paulo, Galípolo disse que o Copom entrou em uma nova fase, mais focada em “esperar e recolher evidências sobre a convergência da inflação para a meta”, conforme já indicado na última comunicação divulgada pelo Comitê na semana passada.

“Essa postura mais humilde do BC, de reunir mais informações antes de incorporar cenários, tem se mostrado correta”, afirmou.

O objetivo do BC é reduzir a inflação acumulada em 12 meses para 3%. A meta é considerada atingida se estiver entre 1,5% e 4,5%.

Galípolo destacou que os sinais de desaceleração da economia brasileira reforçam a percepção de que o País está passando por um processo gradual de moderação econômica. No segundo trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,4%.

Por outro lado, o consumo das famílias aumentou, impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido.

Questionado sobre a manutenção da Selic em um nível elevado, mesmo após os dados recentes de deflação e desaceleração econômica no segundo trimestre, Galípolo afirmou que não existe um único indicador capaz de definir a trajetória da política de juros.

Ele ressaltou que o mercado de trabalho continua resiliente no Brasil, vivendo um dos melhores momentos das últimas três décadas, o que contribui para a pressão sobre a inflação de serviços.

“Mesmo com juros em patamar restritivo, vemos um mercado de trabalho robusto. Esse é um debate que o Brasil precisará enfrentar como sociedade: como conviver com juros altos e, ainda assim, uma economia resistente”, disse.

Em agosto, a inflação de serviços desacelerou em relação a julho, mas permanece em um patamar considerado elevado pelos economistas. Em 12 meses, o núcleo de serviços acumula alta de 6,17%, bem acima do IPCA cheio e da meta de inflação.

Essa fatia da inflação que compõe IPCA é vista como termômetro da demanda na economia brasileira, já que reflete a situação do consumo e do mercado de trabalho. Na reunião do dia 17 de setembro, o Comitê decidiu manter taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano. A decisão pela manutenção da taxa foi unânime.

Esse é o maior nível em quase 20 anos — em julho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Selic estava em 15,25% ao ano.

A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para conter as pressões inflacionárias, que afetam principalmente a população de menor renda.

O Copom justificou a decisão citando instabilidades no cenário externo e a inflação ainda acima da meta no Brasil. O Comitê reconheceu que a atividade econômica perdeu força, mas o mercado de trabalho permanece aquecido. Nas condições atuais do país, segundo o Copom, o cenário continua inflacionário, e a manutenção dos juros contribui para o controle da inflação.

Para o presidente do BC, a taxa de 15% é alta, mas necessária. “O BC jamais disse o contrário [que a taxa não é alta] quando comparamos com outros países ou com períodos de crise, como 2008 e 2020. “Mas a meta que recebemos é levar a inflação para 3%, não para a média internacional”, afirmou, citando a pesquisa Focus, na qual nenhuma das projeções atuais aponta inflação exatamente na meta.

Galípolo fez referência ao fato de o Brasil ainda ter o segundo maior juro real do mundo, ficando atrás apenas da Turquia, que registrou uma taxa real de 12,34%. Em terceiro, está a Rússia, com 4,79%.

Mesmo assim, segundo o presidente do Banco Central, a postura da autoridade monetária deve ser “vigilante, serena e persistente”. O objetivo é manter a Selic em nível restritivo pelo tempo necessário para assegurar que a inflação siga de forma consistente rumo à meta.

 

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