Segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 3 de setembro de 2023
Entre 20% e 30% das compras on-line são feitas usando o cartão de crédito de terceiros, aponta levantamento feito pela Unico, empresa especializada em identidade digital. O hábito dos brasileiros de emprestar o cartão para parentes e amigos, ou de usar meio de pagamento de titularidade diferente daquela da assinatura do streaming ou da conta na plataforma de vendas, no entanto, está na mira das empresas que querem minimizar o risco de fraude.
O estudo da Unico, feito a partir de dados da Associação Brasileira de Cartões (Abecs), aponta ainda que a dificuldade em comprovar a identificação do comprador em transações on-line afeta mais de 150 milhões de brasileiros por ano e pode deixar de gerar R$ 120 bilhões em vendas se as compras com cartões de terceiros passarem a ser recusadas.
“O brasileiro tem essa cultura de emprestar cartão. É um problema, porque é difícil determinar se o cartão está sendo usado com consentimento ou se é uma fraude, por isso a importância das camadas de segurança”, explica Gabriel Pirajá, CEO da Unico.
No comércio tradicional, o percentual das compras com meios de pagamento de terceiros também é significativo. Pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, mostra que 32% dos consumidores fizeram compras com cheque, cartão de crédito, crediário, empréstimo ou financiamento usando o nome de outra pessoa nos 12 meses anteriores ao levantamento. Desse total, 24% usaram cartão de crédito.
Autenticação digital
Para Linconl Rocha, presidente da Associação de Meios de Pagamentos Eletrônicos (Pagos), o compartilhamento consentido do cartão de crédito é algo peculiar e estruturado na cultura de consumo brasileira:
“Os varejistas se adaptaram a isso para não perder as vendas. Hoje centenas de ferramentas e políticas de prevenção a fraude buscam distinguir o verdadeiro consumo para evitar os prejuízos causados pelo uso indevido dos cartões. A tendência é que a cada dia se use mais tecnologias como biometria da face e até voz para identificar os usuários”.
As plataformas já ampliaram cruzamentos de informações na hora da compra, o que pode levar a um aumento na recusa das transações sob alegação uso indevido de um cartão de crédito.
“Algumas lojas virtuais solicitam as informações de cadastro e verificam se o endereço de destino da compra é o mesmo da fatura do cartão, além de outros cruzamentos ligados ao perfil de utilização do titular do cartão”, explica o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira.
Não há ilegalidade em usar o cartão de outra pessoa, desde que autorizado por ela, claro. Os bancos, no entanto, orientam que os titulares não emprestem seus cartões a terceiros, principalmente, por segurança. A Abecs ressalta ainda que o contrato do cartão estabelece que ele é intransferível e diz que, em caso de dúvida, o cliente deve ligar para a administradora.
Para reduzir a prática, algumas instituições financeiras têm facilitado a inclusão de filhos e outros parentes como dependentes dos cartões principais.
Na Caixa, por exemplo, o cliente pode solicitar até cinco cartões adicionais no aplicativo e estabelecer limites de gastos para cada um deles. Segundo Eduardo Cotta, superintendente de Produtos do Inter, o banco oferece também cartão adicional que permite que o cliente tenha controle sobre os gastos de terceiros.
Cartão virtual
Outros bancos, por questões de segurança e para evitar fraudes, têm estimulado os clientes a aderirem aos cartões virtuais, sejam os temporários, usados em apenas uma transação ou que com prazo determinado, ou o permanente. Segundo especialistas, essa seria mais uma forma de proteção ao consumidor. Até porque, em algumas instituições, o cartão virtual só pode ser gerado pelo titular.
“Além disso, ao usar o cartão físico deixa-se o registro dos dados nas compras on-line e se fica mais suscetível a fraude em caso de vazamento”, diz Ione Amorim, do programa de Serviços Financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
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