Terça-feira, 16 de dezembro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 16 de dezembro de 2025
O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), foi preso nesta terça-feira (16) pela PF (Polícia Federal), no Rio de Janeiro, durante a 2ª fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações da Operação Zargun. Os policiais prenderam Macário na casa do magistrado, na Barra da Tijuca.
Em setembro, Macário expediu o mandado de prisão contra o então deputado TH Joias na Operação Zargun. A PF tem indícios de que o desembargador ajudou a vazar informações sobre a operação contra TH Joias.
Uma fonte da PF disse que Macário estava com o então presidente Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar, em um restaurante quando Bacellar ligou para TH Joias para avisá-lo da operação. Além desse indício, os investigadores encontraram, no celular de Bacellar, trocas de mensagens entre o então presidente da Alerj e o desembargador, que embasaram a operação.
Os agentes cumpriram nesta terça um mandado de prisão e dez de busca e apreensão expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Preso na primeira etapa da Operação Unha e Carne e solto pelo plenário da Alerj, Bacellar foi alvo de buscas nesta terça.
Operação Unha e Carne
No dia 3 deste mês, Bacellar, então presidente da Alerj, tinha sido “convidado” para “uma reunião” com o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Fábio Galvão. Tão logo chegou ao encontro, recebeu voz de prisão e teve o celular apreendido. No carro dele, a PF encontrou R$ 90 mil em espécie.
Segundo a PF, Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, em que o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é suspeito de negociar armas para o Comando Vermelho.
Sobre a prisão de Bacellar, o mandado foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou o afastamento dele da presidência da Alerj.
Em sua decisão, Moraes disse que há “fortes indícios” da participação de Bacellar em uma organização criminosa. Ele estaria atuando ativamente pela “obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo Estadual”.
“Os fatos narrados pela Polícia Federal são gravíssimos, indicando que Rodrigo Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de potencializar o risco de continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa”, afirmou Moraes na sua decisão.
A suspeita de vazamento havia sido levantada no próprio dia da Operação Zargun pelo procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira. Ele afirmou na ocasião que “houve uma certa dificuldade” para achar TH Joias.
“O parlamentar havia saído do condomínio por volta das 21h40 [do dia 2, véspera da operação], deixando a casa completamente desarrumada, o que pode sugerir uma fuga e o desfazimento de vestígios de fatos criminosos”, declarou.
TH, de fato, não estava em casa, na Barra da Tijuca, quando os policiais chegaram, e só foi encontrado horas depois na residência de um amigo, no mesmo bairro.
Bacellar teve a soltura determinada por uma votação da Alerj no dia 8 de dezembro. De acordo com a Constituição Federal, quando um deputado estadual é preso em flagrante por crime inafiançável, cabe à própria Assembleia decidir se o encarceramento é necessário.
Moraes seguiu o rito e determinou a soltura de Bacellar, mas definiu uma série de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, o afastamento da presidência da Alerj, o recolhimento noturno entre 19h e 6h e a proibição de comunicação com outros investigados.