Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 12 de março de 2023
Em Roraima, a Polícia Federal destruiu um avião que era usada para abastecer o garimpo ilegal. A espaçonave estava próximo a uma pista de pouso improvisada, no município de Cantá, interior de Roraima. Agentes da Polícia Federal identificaram que o local era utilizado por garimpeiros ilegais para fazer voos clandestinos para a Terra Indígena Yanomami.
Na Terra Yanomami, agentes atuam para recuperar áreas que ainda seguem ocupadas por invasores. A Operação Libertação envolve PF, Ibama, Forças Armadas e a Força Nacional, que ficam divididos em quatro bases dentro da reserva indígena.
Nesta semana, a Polícia Federal expulsou garimpeiros que insistiam em permanecer na comunidade Homoxi e retomou o local. Os agentes destruíram maquinários usados para extração de minérios, mas pelo alto se vê o rastro de destruição deixado pelos invasores.
Em março do ano passado, a imprensa mostrou que lideranças indígenas denunciavam que o posto de saúde de Homoxi estava desativado por conta da presença do garimpo ilegal. Cerca de 600 indígenas precisavam se deslocar para postos mais distantes para conseguir atendimento médico. Além disso, aviões clandestinos tomavam conta da pista de pouso.
Em dezembro, a unidade de saúde foi incendiada. Na época, o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami afirmou que o ataque era uma ação dos garimpeiros em retaliação às operações dos órgãos de fiscalização.
Diante da crise na saúde, o governo federal criou uma força-tarefa para atender os yanomami. Desde a inauguração do hospital de campanha da Aeronáutica, em 27 de janeiro, foram 1.751 atendimentos realizados na unidade. Hoje são, em média, 17 atendimentos por dia, mas no auge da crise o hospital chegou a fazer 98 atendimentos em apenas um dia.
“A situação está controlada. Já passaram o primeiro e o segundo contingente e, graças a todo o apoio do hospital de campanha, nós conseguimos desafogar o Casai. Dar assistência médica e humanitária a esses indígenas”, diz o comandante do hospital de campanha, major Aluizo Paiva.
Garimpo ilegal
O garimpo ilegal cresceu 54% em 2022 e devastou novos 5.053 hectares da Terra Indígena Yanomami, conforme levantamento divulgado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY). Os dados mostram o desmatamento associado a atividade ilegal no território.
O monitoramento ainda mostra uma alta exponencial do desmatamento pela atividade garimpeira desde 2018, quando a associação passou a fazer o acompanhamento. De acordo com os dados, no primeiro ano foram devastados 1.236 hectares, o que representa uma alta de 309% com relação ao ano passado.
O Sistema de Monitoramento do Garimpo Ilegal é feito pela associação com imagens da Constelação Planet, satélites de alta resolução espacial. Eles são capazes de detectar com precisão e mais frequência de vigilância áreas muitas vezes não capturadas por outros satélites. Os dados mostram o desmatamento na área que é preservada, mas que é alvo da atividade garimpeira.
A Terra Indígena Yanomami é o maior território indígena do país, com mais 10 milhões de hectares. O número corresponde a extensão aproximada do estado do Pernambuco.
No Ar: Clube do Ouvinte