Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Voltar Partidos que defendem punição aos institutos de pesquisa, com penas que chegam até 10 anos de prisão para os responsáveis, gastaram R$ 13,5 milhões em pesquisas

Partidos que defendem punição aos institutos de pesquisa, com penas que chegam até 10 anos de prisão para os responsáveis, gastaram R$ 13,5 milhões por sondagens para entender o comportamento do eleitor durante a campanha deste ano. Recursos do fundo eleitoral foram utilizados por PL, PP, União Brasil, PSC e Podemos. O levantamento considera gastos de partidos e candidatos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

PL, PP, União Brasil e PSC apoiam um projeto de lei que propõe a criminalização dos institutos quando o resultado da eleição estiver fora da margem de erro prevista. Já o Podemos tenta criar no Senado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as empresas no Congresso.

Todos eles usaram verbas para realizar pesquisas de intenção de voto e mapear o interesses dos eleitores.

O partido que mais desembolsou dinheiro com pesquisas foi o União Brasil, com R$ 5,6 milhões gastos durante a campanha. O candidato da legenda ao governo de Pernambuco, Miguel Coelho, derrotado na disputa, contratou o instituto Alfa Inteligência por R$ 840,9 mil para fazer pesquisas de opinião qualitativas, tipo de levantamento que capta a impressão dos eleitores sobre um determinado assunto ou político. O União Brasil assinou o requerimento de urgência para colocar o projeto em votação no plenário.

PL de Bolsonaro

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, gastou R$ 4,6 milhões para realizar pesquisas. A campanha de Bolsonaro usou R$ 2,2 milhões para contratar pesquisas eleitorais de dois institutos durante o primeiro turno da disputa.

Bolsonaro foi o candidato que mais gastou recursos da campanha com esses levantamentos. A campanha contratou a Cota Pesquisas de Mercado e de Opinião Pública por R$ 1,7 milhão, e o Ibespe Estudos & Marketing por R$ 500 mil.

Durante o 1º turno, quando aparecia atrás do petista Luiz Inácio Lula da Silva na preferência do eleitorado, Bolsonaro declarou diversas vezes não acreditar em pesquisa. Na noite da votação, após o resultado da apuração das urnas, ele voltou a criticar os responsáveis pelos levantamentos. Lula teve 48% dos votos e Bolsonaro, 43% – um porcentual maior do que aparecia nas pesquisas dos institutos.

“Desmoralizou de vez os institutos de pesquisa. Acho que não vão continuar fazendo”, disse Bolsonaro na ocasião a um grupo de apoiadores no Palácio da Alvorada. O presidente e ministros passaram a incentivar que seus eleitores não respondam às pesquisas.

Institutos argumentaram que a diferença entre as previsões e o resultado se deve à alta abstenção entre segmentos mais favoráveis a Lula, e a mudanças de última hora no comportamento do eleitor.

Articulação

A base de Bolsonaro passou a articular um projeto de lei para punir os institutos de pesquisa logo após o 1º turno. A proposta é defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O texto, de autoria do líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), estabelece punição para o instituto que divulgar pesquisa com números muito discrepantes do resultado da votação, com pena prevista de quatro a dez anos de prisão para o estatístico responsável.

Aliados do governo tentaram votar o projeto na terça-feira desta semana, véspera de feriado, mas não houve acordo. Não há data nova marcada.

Autor da proposta, Ricardo Barros também usou o dinheiro da campanha para contratar pesquisas. Ele gastou R$ 45 mil para realizar pesquisas quantitativas com o instituto Data Vox Brasil durante sua campanha à reeleição. Barros foi eleito para mais um mandato na Câmara pelo Paraná e trabalha pela reeleição de Bolsonaro.

Senado

No Senado, a base governista pressiona o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSDMG), a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os institutos de pesquisa. Um requerimento com número de assinaturas suficientes para abertura da comissão já foi apresentado. Pacheco prometeu avaliar, mas já avisou que nenhuma CPI vai funcionar durante o período eleitoral.

Na terça-feira, Pacheco se posicionou contra o projeto patrocinado pelo governo na Câmara, classificando-o como “inadequado”. “É um texto, especialmente na parte penal, que eu vi, absolutamente inadequado porque pune muito severamente um erro”, disse o presidente do Senado, ao citar que a pena prevista na proposta supera a prisão determinada para os crimes de peculato e corrupção, por exemplo.

Contradição Crítico dos levantamentos, Bolsonaro foi o candidato que gastou mais recursos em pesquisas

O líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), declarou que assinou o requerimento de urgência para o projeto, mas que vai trabalhar para alterar o texto na busca de um acordo que permita a aprovação da iniciativa. Questionado sobre as pesquisas contratadas pelo União, o deputado evitou dizer se elas erraram, mas defendeu uma apuração de todos os institutos de pesquisa. “Temos que investigar para não ser leviano”, afirmou. Procurado, o Podemos disse que não ia comentar. PL, PP, PSC e o deputado Ricardo Barros não responderam à reportagem. •

Voltar

Compartilhe esta notícia:

Deixe seu comentário

No Ar: Show Da Madrugada