Segunda-feira, 24 de março de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 26 de novembro de 2023
Débito ou crédito? Inserir ou aproximar? Os diálogos recorrentes no caixa das lojas estão com os dias contados. Há cada vez mais formas de pagar uma compra, muitas dispensando cartões, como aproximação de dispositivos como celulares e relógios inteligentes; reconhecimento facial; sistemas de transferências instantâneas como o Pix. Sem falar no avanço de tokens, criptomoedas e versões digitais das divisas nacionais.
Por enquanto, os cartões de crédito e débito seguem soberanos, mas as principais bandeiras por trás deles sabem que os ventos estão mudando e resolveram se antecipar à nova revolução digital nos meios de pagamento. Estão se reinventando.
Deixaram de ser apenas intermediárias de pagamentos para se tornarem fornecedoras de tecnologia e serviços não só para bancos e adquirentes (donos das maquininhas), mas para empresas e lojas na ponta. E usam a seu favor o enorme volume de dados que têm sobre como vamos às compras.
A Mastercard, por exemplo, planeja ter, até 2025, 50% de sua receita no mundo proveniente do seu novo braço de serviços, que hoje já entrega 35%. Tem agora entre os clientes varejistas, restaurantes e companhias aéreas. Assim, aumenta oportunidades de lucro.
Dados de clientes
O manejo de dados de clientes permitiu à Mastercard desenvolver, por exemplo, o novo programa de benefícios criado pelo McDonald’s no Brasil, o Meu Méqui, disponível no app do restaurante. A solução permite aos clientes acessar ofertas customizadas, relacionadas a seus hábitos de consumo, no programa de fidelidade.
Cada R$ 1 gasto gera pontos, que podem ser trocados por produtos clássicos, como sobremesas e sanduíches. Essa nova forma de pagamento na rede foi operacionalizada pela Mastercard. Sérgio Eleutério, diretor de Marketing do McDonald’s no Brasil, conta que a iniciativa tem como objetivo aprofundar o relacionamento digital com os clientes, que já responde por 61% das vendas. :
A Mastercard também desenvolve para empresas ferramentas de pagamento com biometria facial e soluções de segurança digital, que identificam e tratam vulnerabilidades e ameaças. A diversificação é também uma reação ao declínio das maquininhas que, com o surgimento de tantas fintechs e carteiras digitais, vêm perdendo espaço.
Ao pular esse intermediário, as bandeiras amenizam o impacto da revolução nos meios de pagamento, alcançando os clientes na ponta das operações, onde só chegavam com as maquininhas, apontam especialistas.
Maior concorrência
Roberto Kanter, professor de MBAs de gestão comercial da FGV, avalia que, a partir da desregulamentação do setor financeiro que ampliou a gama de intermediários de pagamentos, as bandeiras foram forçadas a deixar de olhar apenas para quem compra, passando a prestar atenção também em quem vende e no ecossistema como um todo.
Além de ampliar fontes de receita, Gabriel Moretto, assessor de investimentos da Ável, vê o movimento como uma forma de as bandeiras firmarem parcerias estratégicas com vantagens para os dois lados: para elas, que não querem perder espaço com as mudanças no setor; e para quem precisa de soluções para necessidades específicas de pagamento.
“O Drex (projeto do Banco Central para lançar o real digital) está sendo concebido para democratizar a participação em diversas esferas dos serviços financeiros, abrangendo áreas como crédito, investimentos e seguros. Essa tecnologia pode de fato acelerar o reposicionamento das bandeiras, incentivando uma adaptação mais ágil delas para manterem sua relevância”, diz.
A Visa aposta na tendência de utilização de tokens, buscando diminuir a circulação de dados dos cartões no e-commerce. Só neste ano, já foram 6 bilhões dessas representações de senhas ou valores emitidas no mundo pela empresa, superando o seu número total de cartões em circulação. As transações por meio desta tecnologia cresceram 200% entre os meses de junho de 2022 e de 2023, segundo a companhia.
No Ar: Clube do Ouvinte