Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 15 de dezembro de 2023
A Polícia Federal (PF) investiga um suposto elo de facções criminosas dentro da Procuradoria-Geral da República (PGR). Conforme a investigação, um servidor do órgão é suspeito de ser receptador de pagamentos de armas e drogas tanto para o Comando Vermelho (CV) quanto para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A suspeita, no entanto, não é primeira quanto ao envolvimento do crime organizado com o poder público. As principais facções criminosas do País já se envolveram em escândalos com órgãos públicos, partidos e integrantes do governo.
O PCC, em retaliação ao pacote anticrime do governo Bolsonaro, planejou matar representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Entre os nomes na lista, estavam o senador Sérgio Moro (União-PR) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Os atentados da facção já vinham sendo investigados pela Operação Sequaz, da Polícia Federal. O foco da PF eram os chefes da Sintonia Restrita, ala do PCC que estava encarregada de resgatar o líder máximo da organização, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Por conta do fracasso do plano, os criminosos passaram a visar autoridades públicas, como o deputado federal Coronel Telhada, o promotor Lincoln Gakiya, especializado em investigar a facção, e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Como desdobramento da ofensiva da PF, também foi deflagrada a Operação Irrestrita, que cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e três ordens de prisão preventiva em São Paulo.
Na última semana a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação Dakovo, que investiga uma quadrilha suspeita de traficar armas para facções criminosas como o CV e o PCC. Entre os alvos estava o analista processual Wagner Vinicius de Oliveira Miranda, servidor da PGR. Ele é suspeito de permitir que sua conta bancária fosse utilizada para a receptação de pagamentos de armas e drogas oriundos da fronteira com o Paraguai.
Como servidor lotado na cúpula do Ministério Público Federal (MPF), Wagner tinha acesso aos sistemas e dados internos da PGR. Em razão disso, a Justiça Federal da Bahia solicitou à PF seu afastamento cautelar do órgão público, válido por 30 dias.
Em nota, a PGR disse que a investigação está em andamento, sob sigilo, e que desde o início “foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa”.
Recentemente, em novembro, a mulher de um líder do CV esteve em Brasília. Além de se encontrar com quatro representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Flávio Dino, futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luciane Barbosa Freitas esteve em eventos do Ministério dos Direitos Humanos e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Apontada como o braço-financeiro do Comando Vermelho no Amazonas, Luciane foi condenada a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro, organização criminosa e associação para o tráfico. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, uma das lideranças da facção. Mesmo assim, se reuniu em março e maio deste ano com quatro autoridades do Ministério da Justiça. A chamada “Dama do Tráfico” se apresenta como presidente do Instituto Liberdade do Amazonas, que atua a favor dos direitos humanos de presos. A ONG é investigada pela Polícia Civil do Amazonas como fachada para que o Comando Vermelho “obtenha capital político em negociações com o Estado”. As ações sociais desse instituto, inclusive, seriam sustentadas com recursos oriundos da facção criminosa.
O Ministério dos Direitos Humanos chegou a pagar, com recursos públicos, passagens e diárias para Luciane participar de um evento organizado pela pasta. O Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura reuniu mais de 70 indicados por comitês locais e Luciane foi a representante do Amazonas.
Em Brasília, ela esteve também no Congresso, onde se encontrou nos corredores com parlamentares, e no Conselho Nacional de Justiça, que atua no combate ao crime organizado. No CNJ, foi recebida pelo conselheiro Luiz Phillippe Vieira de Mello Filho, que é também ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
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