Terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Voltar O carnaval atrapalhou as vendas das lojas do País em fevereiro

Após ensaiar retomada em janeiro, o volume de vendas do comércio no país voltou a cair no começo de 2023, derrubado por menor número de dias úteis no mês do Carnaval. É o que sinaliza segunda edição do Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, novo indicador que mensura ritmo de vendas do setor, elaborado pela empresa de meios pagamentos Stone; e pelo Instituto Propague, organização sem fins lucrativos.

No indicador, cujo resultado de fevereiro deste ano foi antecipado ao Valor, as vendas no comércio caíram 7,6% ante igual mês em 2022, com retração de 1,8% ante janeiro. No primeiro mês de 2023, subiram 0,3% em relação a janeiro de 2022 (dado revisado após divulgação inicial de alta de 1%), mesma alta observada ante mês anterior, dezembro de 2022.

Para Matheus Calvelli, pesquisador econômico, cientista de dados da Stone e responsável pelo levantamento, além da influência do Carnaval, pesou no resultado o atual contexto macroeconômico, com juros altos; inflação persistente e endividamento elevado das famílias. Esse quadro diminuiu o poder aquisitivo do consumidor e não estimula novas compras no comércio, admitiu.

Calvelli também não descartou a possibilidade de a expansão em vendas no varejo em janeiro ter sido “atípica”. “Provavelmente o sinal ruim [em vendas do comércio] que vimos no fim do ano ainda não terminou”, completou. Em 2022, as vendas no varejo subiram apenas 1%, pior resultado em seis anos, informou no mês passado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de dezembro. O IBGE ainda não anunciou edições da pesquisa para janeiro e fevereiro de 2023.

Metodologia

Mas, no caso do indicador da Stone, em fevereiro desse ano, houve performance ruim em todos os segmentos usados para cálculo do indicador, que tem como base metodologia proposta pelo time de Consumer Finance do Federal Reserve Board (Fed). Esses são usados para cálculo de evolução de vendas do comércio no conceito de varejo ampliado do IBGE, responsável pela PMC, com dados oficiais do setor no país.

Um destaque entre eles, citados pelo pesquisador, foi a continuidade de queda de vendas no subsegmento hipermercados e supermercados, com recuos de 13,9% ante fevereiro de 2022; e de 3,4% ante janeiro de 2023. “Hipermercados e supermercados está em queda livre [de vendas] desde outubro do ano passado”, lembrou. Alimentos mais caros, explicou ele, têm freado vendas nesse subsegmento.

Com recuo generalizado em vendas, também houve queda em fevereiro desse ano no conceito de varejo restrito do indicador da Stone, que exclui comércio de veículos e de material para construção. A retração foi de 6,3% ante fevereiro de 2022, com queda de 1,8% ante janeiro de 2023.

Âmbito regional

Outro aspecto delineado pelo indicador, no comércio no mês passado, foi o caráter disseminado do recuo de vendas no varejo no âmbito regional. Em fevereiro ante fevereiro de 2022, comparação indicada pelo pesquisador para visualizar melhor os resultados regionais, houve queda em vendas do comércio em 26 das 27 unidades da federação.

“A única coisa que pode afetar [o comércio] do Brasil inteiro assim é o Carnaval”, admitiu o técnico. “Feriados não comerciais tipicamente afetam comércio”, comentou ele, ao lembrar que o deslocamento do brasileiro, para trabalho e escola, por exemplo, movimenta o comércio. O especialista notou que esse feriado carnavalesco também foi mais “normal” ante 2022. No ano passado, quando a pandemia apresentava fase mais aguda, havia maior cautela das pessoas irem às ruas aproveitar a festa.

Mas o especialista reiterou que aspectos macroeconômicos, que diminuem poder de compra do brasileiro, também influenciam o resultado.

Ao ser questionado se o indicador pode continuar a cair em março, o especialista foi cauteloso. “O Brasil tem uma economia afetada por 1 milhão de fatores. Pode ser que março venha muito bem [o indicador de varejo]”, disse. “Mas pode ser que tenhamos uma leitura de que janeiro [com alta de vendas] tenha sido atípico”, concluiu.

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No Ar: Caiçara Confidencial