Quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Voltar O brasileiro está voltando a programar com antecedência a compra de passagens internacionais em busca de preços menores

Depois de um período de demanda bastante aquecida por viagens, após o
arrefecimento da pandemia, o brasileiro está voltando a programar com
antecedência a compra de passagens internacionais em busca de preços menores. Esse fator, somado à volta da oferta de voos em níveis semelhantes aos de 2019, pode contribuir para interromper a tendência de alta nas tarifas, que têm melhorado o resultado das companhias aéreas.

“Antes, o passageiro estava disposto a pagar uma tarifa maior por uma data
específica [e imediata]. Hoje ele está trocando a data em busca de melhores preços”, diz Gonzalo Alejandro Romero, diretor-geral da empresa espanhola Air Europa no Brasil.

A antecipação de compra das passagens na Air Europa ronda hoje os 120 a 150 dias, níveis semelhantes ao do período pré-covid, o que mostra um cliente barganhando melhores condições. Durante a pandemia, a antecipação caiu para menos de 30 dias.

Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontam que a tarifa média internacional no País em setembro foi de US$ 832,98, alta de 29,86% sobre os US$ 641,43 de igual mês de 2019.

A expectativa do executivo é de que o setor terá dificuldade em manter os atuais patamares de preço, sobretudo no segundo semestre de 2023, período que, na visão de Romero, será o mais desafiador. “Teremos uma queda de passagem com o acréscimo da oferta [de voos] e o fim da alta demanda do verão europeu”, disse. A Air Europa opera atualmente voos de São Paulo e Salvador para Madri.

Pode ser um alento ao consumidor, que tem se deparado com bilhetes cada dia
mais caros. Por outro lado, preocupa as empresas diante de um cenário custos mais altos com combustíveis e juros.

O querosene de aviação (QAV) é o maior custo das empresas hoje. O preço médio do barril deve fechar este ano em US$ 138. Em 2020, custava US$ 46. As empresas aéreas no mundo devem ter um prejuízo de US$ 6,9 bilhões neste ano – uma melhora significativa ante os US$ 137 bilhões em perdas de 2020, mas ainda uma perda, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

Mesmo com o combustível em alta, a retomada na demanda deste ano e a elevada tarifa ajudaram a Air Europa globalmente. A estimativa da empresa é fechar o segundo semestre deste ano com um lucro líquido de € 160 milhões, um recorde – em todo o ano de 2019 o lucro ficou perto de € 60 milhões.

Romero também observa que a recuperação da demanda corporativa deve ajudar a sustentar o desempenho das aéreas – é este passageiro que costuma pagar mais caro pela passagem.

Apenas no Brasil a empresa já operou entre novembro e dezembro com 5% mais assentos do que o pré-pandemia. No dia 21, o grupo vai retomar a rota Salvador-Madri inicialmente com dois voos semanais, e em julho entra em operação a terceira frequência do trecho. Por outro lado, a empresa continua sem uma estimativa de quando retomará a ligação de Fortaleza e Recife à Madri, que foi suspensa por causa da pandemia.

A retomada de Salvador virá com a chegada de mais aviões à frota da empresa. O grupo tem ainda outros 11 aeronaves (entre 787 e 737) para ser entregues no fim do ano que vem em contratos de leasing com AerCap e Avalon. “A Air Europa vai ser a primeira empresa espanhola a operar um 737 MAX”, disse. O modelo é usado pela companhia nas rotas curtas dentro da Espanha e entre países da Europa.

Ainda sobre o mercado brasileiro, a empresa fechou uma parceria de “codeshare” (compartilhamento de voos) com a Azul que, segundo o executivo, será importante para o desenvolvimento do grupo no país. Desde 2014 a aérea operava um modelo de parceria com a Azul chamado interline – uma espécie de cooperação inicial na venda de passagens. Já o “codeshare” é um passo adiante e permite o compartilhamento de um voo inteiro a ser operado pela parceira.

Em 2019 a Globalia, que controla a Air Europa, iniciou sondagens para operar voos domésticos no Brasil. A pandemia, entretanto, jogou os planos para escanteio pelo menos por enquanto.

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