Domingo, 09 de fevereiro de 2025

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Voltar “Nunca sugeri ao diretor da Polícia Rodoviária Federal que interferisse no processo eleitoral, diz Anderson Torres, ex-ministro da Justiça”

Sob pressão após a prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres começou, na manhã desta quinta-feira (10), a prestar novo depoimento. Desta vez, ela está sendo ouvido na CPI dos Atos Antidemocráticos em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ele é suspeito de omissão na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro.

Logo no discurso de apresentação, Torres, após narrar parte de sua formação acadêmica e de sua experiência profissional, garantiu:

“Fui questionado sobre uma suposta operação da Polícia Rodoviária Federal cujo objetivo seria cercear o direito ou atrapalhar o exercício do voto, especialmente no Nordeste. Gostaria de esclarecer que nunca determinei, ou sugeri, ao diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, ou ainda a qualquer pessoa, que interferisse no processo eleitoral de modo a beneficiar qualquer um dos candidatos. Eu não tinha atribuição de vetar ou impor o planejamento operacional de qualquer instituição. Todas as informações que recebi no dia 30 de outubro indicavam que tudo estava transcorrendo normalmente.”

O objetivo do colegiado é apurar as responsabilidades sobre os ataques, mas, assim como ocorreu na CPI do Congresso, Torres será questionado também sobre a suspeita de atuação direcionada da PRF no segundo turno da eleição. Ele estava à frente do Ministério da Justiça na ocasião e, portanto, Vasques era seu subordinado.

Ao ser questionado pelo deputado Chico Vigilante (PT), presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos, sobre os bloqueios feitos nas estradas após o primeiro turno das eleições, Torres respondeu que a ordem do Ministério da Justiça “era liberar”. O delegado informou ainda que, nesse período, o estoque de munição não-letal da PRF chegou a acabar devido a operações montadas com esse fim.

“No dia 25 de outubro fomos a Salvador, a convite do Diretor Geral da PF, Marcio Nunes. Vou repetir: fui convidado pelo diretor-geral da Polícia Federal delegado Marcio Nunes, para ir à Salvador inspecionar obras da Superintendência da Polícia Federal. Aliás, o convite foi confirmado por ele em depoimento à Polícia Federal, divulgado pela imprensa. Fomos recebidos pelo superintendente. Nós nos reunimos, conversamos sobre vários assuntos, inclusive as eleições. Tratei também dos vídeos divulgados na internet nos quais um grupo criminoso dizia ter controle sobre eleitores. O superintendente, delegado Leandro Almada, disse ter conhecimento dos vídeos, e esclareceu ainda que a noticia não havia sido confirmada na checagem. No período da tarde visitamos as obras da superintendência, percorremos todos os andares, foram tiradas fotos e há registros da visita.”

Sobre a conduta adotada por Silvinei Vasques, Anderson Torres negou que o então diretor-geral da PRF tenha desobedecido a ordem para desobstruir as estradas:

“Eu acho que não. Ele trabalhou, eles [agentes da PRF] trabalharam dia e noite, sem folga, para tentar desobstruir.”

Anderson Torres foi ministro na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e é investigado atualmente em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente sabotar o esquema de proteção montado para evitar os ataques às sedes dos Três Poderes. Durante a invasão e depredação nos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Federal e do STF, ele estava nos Estados Unidos, sendo preso ao desembarcar no Brasil.

Assim como declarou em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, na última terça-feira (8), Torres voltou a alegar que, antes de viajar de férias com a família, não previa a dimensão das manifestações que ocorreriam em 8 de janeiro. O ex-ministro disse que, apesar disso, deixou assinado um Protocolo de Ações Integradas (PAI), em que era elencada uma série de medidas a serem tomadas em eventual intercorrência.

“Agora, quero falar sobre o papel da Secretaria de Segurança Pública na formulação do Protocolo de Ações Integradas (PAI). A Subsecretaria de Operações Integradas se reuniu com os seguintes órgãos: PM-DF, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Detran, DF Legal, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal, Ministério das Relações Exteriores, Polícia Rodoviária Federal e DER para traçar as medidas de segurança. Conforme a legislação distrital prevê, a Secretaria de Segurança tem a missão de funcionar como órgão central e integrador da segurança pública no DF, levando em consideração as atribuições e competências de cada força previstas em legislação federal e na própria Constituição. A Secretaria de Segurança não tem atribuição operacional. Nesta reunião todos os presentes assinaram o Protocolo se comprometendo a cumprir suas diretrizes.”

Perguntado pelos parlamentares se o PAI foi seguido à risca, Anderson Torres negou e admitiu ter havido falha na segurança em 8 de janeiro. O ex-ministro, no entanto, não quis apontar culpados.

“É o que tem que ser apurado nessa CPI”, disse.

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No Ar: Bom Dia Caiçara