Segunda-feira, 09 de dezembro de 2024

Segunda-feira, 09 de dezembro de 2024

Voltar Nos Estados Unidos, o presidente da Ucrânia desta vez não foi recebido com tapete vermelho e não levou quase tudo o que pediu

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, esteve em Washington e encontrou um ambiente diferente daquele de sua última visita, em dezembro do ano passado, quando foi recebido com tapete vermelho e levou quase tudo o que pediu. Agora, ele tem de lidar com o mau humor dos republicanos, além do risco de troca de inquilino na Casa Branca.

O presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, rejeitou um pedido dele para discursar no plenário. “Tenho várias perguntas para ele. Poderia nos prestar contas do dinheiro que já gastamos? Qual é sua estratégia para a vitória?”, disse McCarthy, antes da visita.

Restou a Zelenski uma reunião a portas fechadas com McCarthy e outra com cerca de 50 senadores. No dia em que a Ucrânia sofreu o maior ataque russo dos últimos 30 dias, ele fez um apelo por mais ajuda. “Se não tivermos ajuda, perderemos a guerra”, afirmou, segundo relatos de congressistas presentes.

Zelenski enfrenta uma maré de notícias ruins. Lançada em junho, sua contraofensiva foi contida pelas defesas russas, e um rápido avanço ucraniano parece improvável. “A Rússia aproveitará o frio do inverno para cavar ainda mais trincheiras e se preparar para a primavera”, disse Margo Grosberg, diretor do serviço secreto da Estônia. “Está claro, até para os que apoiam a Ucrânia, que a guerra pode durar até 2024 ou 2025”, disse Mick Ryan, general australiano reformado.

Trump

O cenário de uma guerra prolongada pode se transformar em pesadelo para Zelenski caso Donald Trump vença a eleição presidencial americana, em 2024. Provável candidato republicano, o ex-presidente troca constantemente afagos pela imprensa com o russo Vladimir Putin.

Trump afirma que acabará com a guerra, se for eleito, mas não diz como, o que tira o sono do presidente ucraniano. Zelenski já exigiu mais de uma vez que o ex-presidente americano apresente o seu plano de paz.

O interesse de Trump parece cada vez mais alinhado com o de seu partido. Segundo o general Ryan, há no Congresso americano vários grupos que pressionam para que os EUA reduzam ou interrompam a ajuda militar à Ucrânia. A pressão vem principalmente de republicanos isolacionistas.

Para aumentar a dor de cabeça de Zelenski, a crise dos cereais desgastou sua relação com a Europa Oriental. Em razão do bloqueio russo no Mar Negro, os países vizinhos da Ucrânia se tornaram zonas de trânsito para as exportações de grãos. Com a saturação de armazéns e o colapso dos preços locais, muitos governos decretaram um embargo aos produtos ucranianos.

Crise

A Europa contornou a crise com restrições temporárias aos grãos ucranianos, mas já anunciou que não pretende prorrogá-las, irritando Polônia, Hungria e Eslováquia, que restabeleceram seus próprios embargos. Zelenski respondeu entrando com uma denúncia na Organização Mundial do Comércio contra os três vizinhos.

A Polônia, que até agora era um dos principais aliados da Ucrânia, convocou o embaixador ucraniano em Varsóvia em protesto contra as declarações de Zelenski na ONU, na segunda-feira, de que “alguns países fingem solidariedade, mas apoiam a Rússia indiretamente”.

Até o fim de 2024, porém, Zelenski parece ter o apoio incondicional do homem mais poderoso do mundo: Joe Biden, o presidente dos EUA. Aliás, os dois se encontraram na Casa Branca. Ele saiu com uma promessa da aprovação de mais um pacote de US$ 24 bilhões.

Até quando dura a boa vontade de Biden, no entanto, ninguém sabe. Nos EUA, pesquisas indicam uma fadiga crescente com relação à guerra. Os americanos estão cada vez mais interessados em resolver problemas internos e questionam o valor gasto com a Ucrânia. Governos aliados da Europa observam com nervosismo.

Zelenski também. À medida que as tensões crescem, surgem divergências sobre a conveniência de um acordo com a Rússia. Em agosto, Stian Jenssen, chefe de gabinete do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, insinuou que a Ucrânia poderia ceder parte do seu território à Rússia. A declaração caiu mal em Kiev e Stoltenberg teve de assegurar que “só os ucranianos decidirão se a paz é aceitável”.

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