Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

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Voltar “Não deixava meu marido me ver”, diz mulher que sofreu deformação após lipo com médica do Rio de Janeiro, que operou advogada que morreu depois do procedimento

Em 2021, após dar à luz ao filho mais novo, uma esteticista decidiu resgatar a autoestima e melhorar a relação com o corpo. Para isso, buscou uma cirurgiã que fizesse a tão sonhada lipoaspiração. Responsável pelo procedimento que levou à morte a advogada de MC Poze (Silvia de Oliveira Martins, no último domingo), Geysa Leal Corrêa já era nome conhecido da profissional, que atendia pacientes da médica em sua clínica de estética. O resultado da lipo, no entanto, foi um quadro de necrose que causou deformação nas costas e na barriga da mulher, de 43 anos, que preferiu não ser identificada.

O orçamento foi atraente e a cirurgia foi marcada, com valor estimado pela paciente em R$ 15 mil. Aconteceu em setembro daquele ano, em uma clínica na Zona Sul do Rio. A vítima confessa que não chegou a verificar o histórico da cirurgiã, e decidiu confiar. As situações controversas começaram a se apresentar já no pré-operatório, durante a aplicação da anestesia, que foi administrada por uma profissional que não se identificou como médica.

“No dia da cirurgia, foi uma assistente que me riscou e identificou onde tinha gordura a mais. Acredito que não tivesse anestesista. Só tinha ela [Geysa] de médica, e quem me deu a injeção não se identificou. Depois, por acaso, vi que essa pessoa também estava fazendo atendimento de estética no consultório de Icaraí”, conta.

A paciente comenta que, após a cirurgia, recebeu uma única visita de Geysa, que garantiu o sucesso dos procedimentos, na barriga e nas costas. Depois disso, a reencontrou no consultório onde fez as primeiras consultas, em Icaraí, quando foi passar pelas primeiras sessões de drenagem linfática, orientadas pela médica.

“A esteticista tinha visto algo nas minhas costas e me aplicou algo. Ela fez umas três aplicações do lado esquerdo e duas do lado direito. Disse que era só para oxigenar a pele”, diz.

Até este momento, a vítima não tinha visto o resultado da cirurgia, devido à aplicação de um taping — espécie de fita usada para estimular a fixação do procedimento. Depois de alguns dias, quando removeu a fita, reparou que havia uma mancha enorme e vermelha. Foi, então, que decidiu entrar em contato com a médica e relatar o que estava acontecendo.

“Tirei uma foto e mandei para a Dra. Geysa. Não estava ardendo, não estava coçando, não estava nada”, relata.

Começou, a partir deste dia, uma sequência de tratamentos mal-sucedidos e oferecidos gratuitamente por Geysa. Os tratamentos duraram até o início de dezembro, quando a paciente decidiu procurar outro profissional e soube que o processo pelo qual sua pele passava era chamado de necrose.

“Minha barriga ficou torta, não lipou direito. Fiquei arrasada com o que aconteceu comigo. Quando ela viu que não estava dando jeito nenhum, que minha barriga tava torta, ela falou que não iria me cobrar nada e ela faria no consultório a lipo da parte de cima da barriga”, diz.

Após a série de tentativas frustradas na busca por uma resolução, Geysa propôs, então, que ela fizesse um novo procedimento, gratuitamente, para terminar o processo de lipoaspiração na barriga. A vítima não aceitou, e disse que não confiava mais na médica. Preferiu, então, fazer o orçamento em outro consultório. Geysa arcaria com os custos, e aceitou a contraproposta.

“Vi uma cirurgiã na Tijuca, me passou o orçamento. Ficou em R$ 37 mil para consertar o que ela fez em mim. Nesse momento, ela não me respondia mais, eu não falava mais com ela. Ela falou que podia arcar R$ 20 mil, e disse: “o restante é para você arcar. Se você não aceitar, é só procurar seus direitos na Justiça”, relata a paciente, que iniciou, então, um processo judicial: “O estado que fiquei foi deprimente, lastimável. Não deixava nem o meu marido me ver”.

Histórico de erros

O histórico de Geysa é marcado por acusações e tragédias. Em 2021, o Ministério Público já a havia denunciado pela morte da pedagoga Adriana Ferreira Capitão Pinto, uma semana após procedimento com a médica em julho de 2018. No mesmo mês, a estudante Gabriela Nascimento de Moraes também passou semanas internada após ter o intestino perfurado por Geysa. Nessa semana, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu sindicância para apurar a conduta da profissional.

Na época, já existiam três processos cíveis por erro médico contra Geysa. Em todos os casos, as partes autoras pediram indenização por dano moral. Num deles, a paciente alega que se submeteu ao procedimento de bioplastia de glúteos para aumento de suas medidas na região, mas afirma que não obteve o resultado pretendido, e que não teria ocorrido qualquer mudança estética após o procedimento.

No caso da professora morta uma semana após o procedimento, Geysa chegou a prestar depoimento na 77ª DP (Icaraí). Ela disse aos investigadores que, apesar de não ter registro para atuar na área de cirurgia plástica, está habilitada para praticar qualquer ato médico.

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No Ar: Show da Tarde