Domingo, 13 de outubro de 2024

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Voltar Na avaliação de especialistas, vários fatores combinados contribuíram para a aceleração da inadimplência no cartão de crédito

Na avaliação de especialistas, vários fatores combinados contribuíram para a aceleração da inadimplência no cartão de crédito. Boanerges Ramos Freire, presidente da Boanerges e Cia, consultoria especializada em serviços financeiros, destaca a ressaca que houve por conta da pandemia e da alta da taxa básica de juros (Selic) como motivos que levaram ao aumento da inadimplência. “Não foi tanto a deterioração do emprego, mas da renda corroída pela inflação”, observa o consultor.

Já o economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, considera que o principal fator para o aumento da inadimplência foi a disparada da inflação. “Quando a inflação acumulada em 12 meses em setembro de 2021 passou de 10%, e permaneceu nesse patamar até setembro de 2022, o estrago foi brutal na renda familiar”, lembra ele. O total de inadimplentes, não apenas no cartão, saiu de 62 milhões, em setembro de 2021, para 71 milhões em maio deste ano. “Esse número foi puxado principalmente por bancos e cartões”, afirmam.

Liquidez

Outro fator que turbinou o crédito no cartão e, consequentemente, levou à alta da inadimplência foi o aumento da liquidez de recursos com a expansão dos benefícios sociais por causa da pandemia, observa o vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira. “Como houve um empoçamento da liquidez, o sistema como um todo ficou muito menos rigoroso na concessão.”

De acordo com as regras do Banco Central, tudo o que não é pago no vencimento vai para o rotativo. Após um mês, esse montante tem de ser parcelado (como crédito pessoal). No rotativo, o calote bateu em março deste ano em 52,12% – é o patamar mais elevado da série, que começou em março de 2011. Em abril deste ano, a inadimplência recuou um pouco, para 51,75%, apontam os dados do BC.

Ao sair do rotativo, após 30 dias, os valores vão para outra conta, cuja inadimplência estava em 8,65% em abril. Nesse caso, é o maior resultado mensal desde setembro de 2012 (8,67%) – e está mais de dois pontos acima do de abril de 2022 (6,3%).

Apesar de existir mais de um fator que impulsiona o alto número de inadimplentes no Brasil, nos últimos tempos, o aumento da inflação tem sido um dos maiores contribuintes para que as famílias estejam aumentando suas dívidas.

Os preços de produtos e serviços em alta, tem preocupado a maior parte da população ou, pelo menos, aqueles que estão em situação vulnerável, que além de endividados, possuem renda menor que as despesas básicas necessárias (aluguel, alimentação mensal, gás, água e luz).

Segundo dados da NielsenIQ, dois em cada três consumidores se preocupam com a situação da alta inflação dos produtos. Fazendo uma comparação entre os produtos básicos, a cesta de consumo massivo, por exemplo, teve seu preço médio alterado entre janeiro e setembro de 2021, onde cresceu 11,8% em comparação ao mesmo período de 2020. Os dados são do relatório Consumer Insights, da consultoria Kantar.

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