Quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Voltar Mulheres vivem sete anos a mais do que os homens no Brasil

No Censo de 1940, o número de homens e mulheres no País era praticamente o mesmo, com cerca de oito mil mulheres a mais que homens em uma população de 40 milhões de pessoas. Do levantamento seguinte em diante, essa distância foi se tornando cada vez maior, em razão da queda na mortalidade materna.

No Censo 2022, as mulheres nunca foram tantas e passam de cem milhões na população — mais precisamente 104.548.325. Hoje, representam 51,5% dos brasileiros, sendo cerca de 6 milhões a mais que os homens. Na prática, existem 94,2 homens para cada cem mulheres no Brasil.

A diferença é mais acentuada no Sudeste —92,9 homens para cada cem mulheres. E até mesmo no Norte do País, região que sempre mostrou predominância masculina na população, elas passaram à frente. Hoje são 99,7 homens para cada cem mulheres.

O professor de Demografia da UFMG Bernardo Queiroz explica que nascem mais meninos que meninas, em proporção de 105 para cem. Os homens são maioria na população até os 24 anos, mas depois a situação se inverte. Na adolescência e vida adulta, segundo especialistas, a mortalidade masculina se acentua em razão da violência, principalmente homicídios e acidentes de trânsito ou no trabalho.

Pirâmide da solidão

Além disso, diante do envelhecimento geral da população, a presença feminina cresceu. As mulheres vivem em torno de sete anos a mais que os homens. A expectativa de vida maior das mulheres é comum no mundo todo, mas, no Brasil, a violência urbana, que mata mais os homens, aumenta essa diferença em torno de três anos. Salvador, que consta da lista de cidades mais violentas do país no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ocupa o segundo lugar na lista de municípios com maior percentual de mulheres do Brasil.

A cidade mais feminina do País é Santos, onde as mulheres representam 54,68% da população. Para cada 100 moradoras, há 82,9 moradores. O município também chama a atenção pela proporção de idosos: 25,3% dos habitantes têm mais de 60 anos.

A quantidade de idosos ajuda a explicara preponderância feminina, segundo Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira, coordenador da área de Projeção de População da Fundação Seade de São Paulo:

“Santos passa por um processo de envelhecimento acelerado. Já que a esperança de vida das mulheres é superior à dos homens, essa diferença populacional aumenta à medida que as mulheres sobrevivem. É a ‘pirâmide da solidão’: nas idades avançadas, a proporção de mulheres é muito maior que a de homens”.

No caso de Santos, a diferença aumenta conforme a faixa etária. Entre 85 e 89 anos, a cidade tem 44 senhores para cada cem senhoras.

Fecundidade

A demógrafa Dalia Romero, pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz), afirma que a principal explicação para definir a estrutura etária brasileira é a queda na fecundidade. Com toda a carga de trabalho reprodutiva, as mulheres acabam tendo menos filhos, principalmente depois do advento da pílula anticoncepcional, nos anos 1960.

A economista Luísa Cardoso, do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, diz que a divisão menos desigual de cuidados, junto com crescimento do PIB e maior participação feminina no mercado de trabalho podem aumentar o número de filhos por mulher:

“É importante pensarmos em quais estruturas sociais temos no Brasil. Essas mulheres têm condições de conciliar a vida familiar com a vida profissional? Não querem ter filhos ou não conseguem? Se a remuneração é baixa e não existe rede de apoio, querer ter filhos é um desafio”, questiona a economista.

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