Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 21 de setembro de 2022
Nesta segunda-feira (19), a atriz Claudia Raia (55) usou as redes sociais para anunciar que está grávida de seu terceiro filho. A gestação pegou de surpresa não apenas os fãs da artista, como a própria Claudia. O espanto é pelo fato de ser incomum uma gravidez nessa faixa etária, quando a capacidade reprodutiva feminina é baixíssima.
Não há dúvidas de que sem os avanços na ciência, essa condição seria praticamente impensável há poucos anos. Mas uma pergunta importante se impõe: ainda há riscos para uma gestação próxima da menopausa? A mesma ciência responde: sim e não apenas para mulheres.
Os homens também mudam com o avançar da idade. Especialistas afirmam que pais que decidem ter filhos após os 50 anos tem maior risco de ter bebês com alterações cromossômicas, prematuros, com autismo e doenças psicológicas.
Nas mulheres, as limitações relacionadas ao processo de se gerar um filho são causadas principalmente pelo número limitado de óvulos que elas carregam durante a vida e pelas alterações na liberação dos hormônios reprodutivos. A mulher já nasce com a quantidade de folículos, células que vão desenvolver os gametas femininos pré-estabelecida — entre 300 mil e 500 mil — que são liberados a cada novo ciclo menstrual desde a puberdade até entrar na menopausa, geralmente entre os 44 e 55 anos, onde concentrações dos hormônios femininos, estrogênio e progesterona, caem de forma irreversível.
Limites do homem
Os homens têm uma produção ilimitada de espermatozoides a partir da puberdade e continua durante toda a vida – com uma nova safra a cada 74 dias em média. Mas apesar dessa produção inesgotável, com o passar dos anos, essas inúmeras divisões enfraquecem a qualidade do espermatozoide, principalmente depois dos 45 anos e piora drasticamente com 50 anos, aumentando progressivamente.
— Os homens com o tempo passam a ter uma capacidade de reprodução muito menor, além do encurtamento do telômero, estrutura do DNA que diminui e envelhece a cada divisão celular, o que resulta em erros no número de cromossomos ideias para a fecundação e uma piora na qualidade dos espermas do homem — diz Edson Borges, especialista em Medicina Reprodutiva e diretor cientifico do Fertility Medical Group, em São Paulo.
Quanto mais divisões celulares o espermatozoide estiver enfrentado, ou seja, quanto mais idade o pai tiver, maior é o risco. Além de alterações genéticas, defeitos congênitos que podem levar a uma série de síndromes, como Down, a probabilidade do bebê nascer prematuro (quando ela vem ao mundo antes de 37 semanas de gestação e alta.
Avanços da medicina
Os avanços recentes na ciência têm permitido driblar grande parte dos problemas. O especialista em Medicina Reprodutiva, Edson Borges, lembra, por exemplo, que apesar do espermograma ser eficiente para saber se a pessoa tem maior ou menor probabilidade de engravidar, ele não revela a qualidade genética do esperma. Ou seja, se vai trazer maiores ou menores chances de trazer alterações genéticas ligadas a idade.
Neste caso, porém, há um teste que os homens podem fazer, chamado de fragmentação do DNA espermático – trata-se de um exame que mostra uma porcentagem de fragmentação dos espermas. Se o resultado for acima do normal, é porque o esperma não está saudável e precisa ser iniciado um tratamento antes de tentar engravidar, de modo natural ou por reprodução assistida.
— Os tratamentos são variados e depende do perfil do paciente e do resultado do exame. Podemos entrar com dosagens hormonais para estimular a produção de espermas, dar antibióticos ou anti-inflamatórios para ter uma condição melhor de fecundação, suplementos, vitaminas, uma dieta alimentar específica— explica Karla Giusti Zacharias, especialista em reprodução humana e integra o corpo clínico da Rede D’Or – Hospital São Luiz Itaim, em São Paulo.
Estudo de Stanford
Um estudo feito pela Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, analisou dados de mais de 40 milhões de partos e foi além ao descobrir que homens com filhos após os 35 anos correm um risco relativamente mais alto de ter um bebê com baixo peso e de sofrer de convulsões. E naqueles que já passaram de 50 anos, há um risco 28% mais elevado de o recém-nascido precisar ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.
— Quando se é jovem, o normal de ejaculação fica em torno de 2 a 5 milímetros, porém, em homens acima dos 50 anos há uma redução de 0,6 a 0,8 milímetros, parece pouco, mas equivale a quase 20% do volume. Essa diminuição vai se acentuando conforme o tempo passa. A expectativa é que para cada ano a mais da meia idade é que reduza em 0,15% a 0,5% — explica Alfredo Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.
Com a mulher não é muito diferente. O risco de abortamento de gestantes com mais de 50 anos é, em média, de 50%. A gestação após esta idade também traz maiores riscos de hipertensão, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, tireoide, partos prematuros, problemas genéticos ao bebê e riscos à mãe.
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