Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 10 de outubro de 2025
O avanço do aquecimento global está empurrando três espécies de focas do Ártico para categorias de maior risco de extinção. Além disso, mais da metade das aves do planeta apresenta queda populacional.
Os dados fazem parte da mais recente atualização da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), divulgada nesta sexta-feira (10) durante o Congresso Mundial de Conservação, em Abu Dhabi.
A boa notícia vem do mar: a tartaruga-verde mostra sinais de recuperação após décadas de proteção. A nova edição da Lista Vermelha reúne 172.620 espécies avaliadas, das quais 48.646 estão ameaçadas de extinção. Segundo a IUCN, os anúncios trazem sinais de alerta, como a situação de focas e aves, e um exemplo de sucesso com a tartaruga-verde.
A foca-de-capuz (ou foca-de-capuz) passou de “vulnerável” para “em perigo”; a foca-barbuda e a foca-da-gronelândia saíram de “pouco preocupante” para “quase ameaçada”. A principal ameaça é a perda de gelo marinho, essencial para reprodução, descanso e acesso a áreas de alimentação. O derretimento também altera hábitos alimentares e facilita o acesso humano ao Ártico, elevando os riscos.
“A situação das focas do Ártico é um lembrete contundente de que a mudança do clima não é um problema distante — ela vem ocorrendo há décadas e já tem impactos concretos aqui e agora”, afirmou a Dra. Kit Kovacs, copresidente do Grupo Especialista em Pinípedes da Comissão de Sobrevivência de Espécies da IUCN e líder do Programa de Svalbard no Instituto Polar Norueguês.
O aquecimento no Ártico ocorre quatro vezes mais rápido do que em outras regiões, reduzindo a extensão e a duração do gelo e afetando focas dependentes de gelo, morsas e outros mamíferos marinhos.
Especialistas da IUCN apontam ainda pressões adicionais como navegação, ruído, exploração de petróleo e minerais, caça e captura acidental em pescarias. Entre as medidas recomendadas estão proteger habitats-chave, reduzir a captura incidental e controlar impactos de ruído.
A revisão de 1.360 espécies completa a oitava avaliação global de aves pela BirdLife International: 1.256 (11,5%) das 11.185 espécies estão ameaçadas e 61% apresentam declínio populacional, ante 44% em 2016. A degradação e a perda de habitat — sobretudo por expansão agrícola e extração de madeira — são as principais causas. Regiões com alerta crescente incluem Madagascar, África Ocidental e América Central.
A atualização cita exemplos: 14 aves endêmicas de florestas em Madagascar foram reclassificadas para “Quase Ameaçadas” e três para “Vulneráveis”; na África Ocidental, cinco espécies agora são “Quase Ameaçadas”; na América Central, o uirapuru-do-norte passou a “Quase Ameaçado”. As aves prestam serviços ecossistêmicos vitais — como polinização e dispersão de sementes — e seguem sob pressão adicional de espécies invasoras, caça, armadilhas e mudanças climáticas.
“O fato de que três em cada cinco espécies de aves do mundo apresentam populações em declínio mostra a gravidade que a crise da biodiversidade alcançou e a urgência de os governos cumprirem as ações às quais se comprometeram em diversos tratados e acordos”, afirmou o Dr. Ian Burfield, coordenador global de ciência da BirdLife International (espécies) e coordenador da Autoridade da Lista Vermelha de Aves.
Extinções registradas
Seis espécies passaram para a categoria “extinta”, entre elas o musaranho da Ilha Christmas, um caramujo-cone (Conus lugubris), o maçarico-de-bico-fino e a árvore Diospyros angulata.
Três marsupiais australianos — marl, bandicoot-listrado do sudeste e bandicoot-de-Nulllarbor — e a planta havaiana Delissea sinuata entraram pela primeira vez na Lista já como “Extintas”.