Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 30 de novembro de 2023
Ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, o diplomata Henry Kissinger morreu nessa quarta-feira (29) aos 100 anos em sua casa no Estado de Connecticut. Intelectual, historiador e estudioso das relações internacionais, ele planejou a abertura dos EUA para a China, negociou a saída das tropas americanas do Vietnã e usou astúcia para refazer as relações com a União Soviética.
Poucos diplomatas foram tão paparicados e insultados com tanta paixão como Henry Kissinger. Considerado o secretário de Estado mais poderoso do pós-guerra, ele foi um realista que usou a diplomacia para defender os interesses americanos. Ao mesmo tempo, foi criticado duramente por ter abandonado valores históricos dos EUA, especialmente na área dos direitos humanos, em razão do apoio incondicional às ditaduras violentas na América Latina e aos regimes sanguinários de muitos autocratas africanos.
Ao longo de um século, ele trabalhou para 12 presidentes americanos, de John F. Kennedy a Joe Biden. Com uma compreensão acadêmica da história, autor de clássicos como Diplomacia e Ordem Mundial, Kissinger foi um refugiado judeu alemão que adotou os EUA e obteve um sucesso incomum, marcado por um sotaque bávaro que volta e meia dava tons indecifráveis aos seus discursos.
Em um dos momentos mais críticos da história e da diplomacia americana, ele estava ao lado do presidente Richard Nixon. Kissinger entrou na Casa Branca em janeiro de 1969, como conselheiro de Segurança Nacional, e escalou a hierarquia da burocracia estatal até se tornar secretário de Estado, em 1973. Quando Nixon renunciou, ele permaneceu no governo de seu sucessor, Gerald Ford.
Diálogo com Pequim
Seu papel mais relevante na Casa Branca talvez tenham sido as negociações secretas com o que então ainda era chamado de “China Vermelha”, comandada por Mao-tsé Tung. Criado como um movimento decisivo da Guerra Fria para isolar a União Soviética, o diálogo com Pequim abriu caminho para o relacionamento entre as duas maiores potências globais da atualidade.
Durante décadas, ele foi a voz mais importante dos EUA no trato com a China e sabia como ninguém como enfrentar os desafios econômicos, militares e tecnológicos que Pequim representava. Kissinger era o único americano a lidar com todos os líderes chineses, de Mao a Xi Jinping.
Outro feito de sua carreira como diplomata foi atrair a União Soviética para um diálogo, que ficou conhecido como “détente”, que levou aos primeiros grandes tratados de controle de armas nucleares entre os dois países. Com muita habilidade, ele conseguiu afastar Moscou de sua posição de grande potência no Oriente Médio, mas nunca conseguiu mediar uma paz na região.
Kissinger foi acusado de violar a lei internacional ao autorizar o bombardeio secreto no Camboja, em 1969, uma guerra não declarada contra uma nação neutra. No Chile, ele foi o arquiteto do esforço de Nixon para derrubar o presidente socialista democraticamente eleito, Salvador Allende.
Kissinger rejeitou seus detratores, dizendo que ninguém enfrentou um mundo tão marcado pelas escolhas ruins que ele teve de enfrentar. Sua arma preferida para escapar das críticas era o sarcasmo. “O ilegal, nós fazemos imediatamente. O inconstitucional, demora um pouco mais” ,dizia.
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