Sexta-feira, 21 de março de 2025

Sexta-feira, 21 de março de 2025

Voltar Ministro do Desenvolvimento Social defende a investida de Lula contra a meta de déficit fiscal zero para 2024

Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias reconhece que um país com as contas equilibradas tem um ganho com a redução do risco e, dessa forma, também na queda dos juros. No entanto, pontuou que o governo não abrirá mão da estratégia de somar investimentos públicos à tentativa de criar um ambiente favorável à multiplicação com investimentos privados. “Acho que o que o presidente não vai aceitar é matar a galinha dos ovos de ouro”, afirmou.

O ministro soma-se, assim, a integrantes do núcleo político do governo que defendem o afrouxamento da meta prevista na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO). Essa visão contraria o discurso do Ministério da Fazenda, segundo o qual o governo deve perseguir a meta por meio da aprovação no Congresso de medidas que irão gerar novas receitas.

1. O presidente se colocou contra a meta de déficit zero. Isso pode significar mais gastos sociais?

Wellington Dias: Temos assegurado no planejamento os recursos necessários para o social. E o presidente compreende que, além do social, aqui tem um fator que ajuda no crescimento econômico. Ele sabe a importância de investimentos públicos somando-se a investimentos privados para alavancar a economia. O que ele diz é que é preciso fazer a economia crescer, porque com a economia crescendo cresce também a receita e ajuda no equilíbrio das contas. Quando você adota uma medida radical de cortes, reduz a capacidade de investimento, e isso tem impacto na própria meta de crescimento econômico. Na minha visão, isso é uma avaliação correta do presidente Lula: quando trabalha um programa como o de habitação para os mais pobres, para a classe média, tem um efeito multiplicador na economia. Do outro lado, à medida que você faz investimentos em áreas como saúde, saneamento, ela também tem um efeito econômico, reduzindo a própria despesa. Essa posição dele, com certeza, mais à frente, vai levar uma decisão sobre a meta fiscal.

2. Mas não é importante o equilíbrio das contas públicas?

Dias: Todo esforço, claro, é para o equilíbrio. Porque um país com as contas equilibradas tem um ganho com a redução do risco, tem um impacto direto, por exemplo, na redução dos juros. Porque o país também tem dívida, e o juro elevado impacta as contas públicas. Porém, acho que o que o presidente não vai aceitar é matar a galinha dos ovos de ouro. A política de somar investimento público para criar um ambiente favorável à multiplicação com investimentos privados vai prosseguir.

3. O senhor acha que esse déficit zero é muito exagerado?

Dias: O objetivo do presidente Lula e coordenado pelo ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet [Planejamento] é alcançar o melhor resultado possível do ponto de vista do zeramento do déficit. O que o presidente deixa claro é que não é razoável retirar das áreas que dão resultado para um equilíbrio seguro das contas públicas, como é o crescimento econômico, porque isso teria um resultado ruim para as próprias contas públicas. Ele mantém uma posição firme de que o resultado social não pode ser um corte por cortar, mas tem que ser em razão da melhoria da vida das pessoas na rede de proteção social.

4. O Bolsa Família vai ter aumento real para o ano que vem?

Dias: O Bolsa Família tem uma lógica, repassar um valor que seja capaz de viabilizar a capacidade de compra de alimentos e outras necessidades para as famílias de mais baixa renda ou que não têm renda. Ela é um socorro, ela é uma medida protetiva que tem um objetivo claro. No próximo ano, nós vamos analisar vários indicadores. O preço do alimento, que cresceu muito no Brasil, teve redução? Há sinais de que sim, em razão de um plano safra mais organizado, com juros mais baixos, com custos mais baixos. Estamos atentos aos efeitos das guerras, das mudanças climáticas, que são efeitos externos ao Brasil, porque dentro do Brasil nós temos um ambiente favorável à redução no custo de alimentos.

5. O senhor já tem falado de tirar o Brasil do mapa da fome até 2026. É esse o objetivo?

Dias: Dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que o Brasil é signatário, o Brasil reafirmou a posição de alcançar essa meta e, junto com isso, a redução da pobreza até 2030. O presidente Lula, agora, na comemoração dos 20 anos do Bolsa Família, fez uma recomendação para que pudéssemos trabalhar todo o esforço para alcançar medições do Brasil fora do mapa da fome já até 2026. Isso aumentou a nossa responsabilidade, mas estou otimista. O Brasil vem, desde 2019, ano a ano, aumentando o número de pessoas na fome, ano a ano, tanto na medição brasileira como na medição da FAO. Em 2023, espero uma mudança dessa curva, em declínio.

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