Segunda-feira, 09 de dezembro de 2024

Segunda-feira, 09 de dezembro de 2024

Voltar Ministro da Fazenda faz segredo, mas o governo planeja ter maioria no Copom

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apenas sorriu quando o Valor lhe perguntou, em sua chegada à reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), se o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, que estava ao seu lado, seria indicado diretor do Banco Central.

Minutos depois, falando aos membros do Conselho, Haddad criticou a decisão de manter a taxa de juros básica da economia em 13,75%, tomada na quarta-feira pela autoridade monetária. O mesmo foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Depois da reunião, já de volta ao Ministério da Fazenda, Haddad foi questionado sobre as indicações ao Banco Central. Disse que está “vendo a melhor hora” para anunciar os nomes.

O segredo se arrasta, até porque o encaminhamento dos nomes ao Congresso Nacional depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A indicação de Galípolo, ex-presidente do Banco Fator, é tratada nos bastidores como algo que “faz sentido”.

Apostas

O economista Marcello Froldi Negro, que atualmente é assessor de Galípolo, é outro nome que passou a figurar na bolsa de apostas. Ele também trabalhou no Fator. Especula-se já há algum tempo sobre as indicações de Igor Rocha e Paulo Gala.

Lula indica dois novos diretores agora e outros dois em dezembro. Assim, serão quatro votos no Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado de nove membros que decide a taxa de juros. A maioria poderia ser alcançada com a “conversão” de algum diretor, comenta-se nos bastidores.

Ao comentar a decisão do Banco Central, Haddad afirmou estar “bastante preocupado”. Ele se disse contrário a “manter pela terceira vez” neste ano a taxa Selic no atual patamar “em uma economia que tem as menores taxas de inflação”.

Por outro lado, afirmou que vai perseverar no diálogo com o Banco Central. “Esse é um tema (queda dos juros) muito importante, que não opõe o político ao técnico”, disse na cerimônia, realizada no Palácio Itamaraty.

Sem pressão

O ministro lembrou que existem “visões [diferentes] sobre como operar a política econômica” e descartou “qualquer tipo de pressão política sobre um órgão que tem a mesma legitimidade que eu tenho.” Acrescentou que a queda dos juros importa para a política fiscal, o planejamento de longo prazo do país, os empresários e a reindustrialização.

Já Alckmin disse no mesmo evento que “não é possível” que a Selic esteja em 13,75% ao ano, sem inflação de demanda. “Isso é problema”, afirmou. Comentou que os juros formam um tripé, junto com o câmbio e os impostos, para “definir as coisas”. Avaliou que o câmbio está bom, mas o sistema tributário é um emaranhado.

Tanto Haddad quanto Alckmin destacaram positivamente a apresentação da proposta de um novo arcabouço para as contas da União. No comunicado divulgado após a reunião de quarta-feira, o Copom reconheceu que “a reoneração dos combustíveis e, principalmente, a apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal”. Mas também afirmou que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação [para a meta] e a aprovação do arcabouço fiscal”.

Para conduzir a Selic, o BC já mira 2024, ano em que a meta de inflação é de 3%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até março deste ano estava em 4,65%.

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