Sexta-feira, 03 de outubro de 2025

Sexta-feira, 03 de outubro de 2025

Voltar Mineirinho conta como se preparou para descer prédio de 70 metros em Porto Alegre: “Amarelei só uma vez”

Todo skatista que passou em frente ao Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), em Porto Alegre, já imaginou como seria descer a estrutura semelhante a uma rampa integrada à arquitetura do prédio.

Sandro Dias, o Mineirinho, tirou a cena do campo da imaginação e a levou para a realidade há uma semana. Aos 50 anos, o multicampeão da modalidade vert “dropou” de uma altura de 70 metros para descer por uma pista erguida pela Red Bull na lateral curva do edifício modernista.

O skatista atingiu velocidade de 103 km/h e bateu dois recordes, registrados pelo Guinness: “A queda mais alta em um quarter pipe (estilo da rampa) temporário” e “a velocidade mais rápida em um quarter pipe temporário”.

Ao final do percurso, ele se joga de costas em espumas sobrepostas a um airbag, movimento que o preocupou mais durante a preparação para o feito do que a descida em si. Durante os treinamentos, Mineirinho era puxado por uma corda em um carro para pegar velocidade e se lançava à parede para praticar a forma correta de se entregar ao impacto.

“Para eu começar a bater nessa parede, mesmo que fosse de ar, chegar naquela parede crescendo na minha frente, e eu ter que enfrentar ela com meu corpo, não foi fácil. Eu confesso que eu amarelei uma vez só nesse teste, nos 50 km/h, que era bem no começo, no primeiro dia. Já tinha feito 30 km/h e 40 km/h. Na hora que eu soltei do carro e vi aquela parede crescer na minha frente, eu desviei da parede”, conta.

“No mesmo momento eu já me frustrei e falei: ‘Não posso desviar, tenho que enfrentar isso’. Na sequência fui lá e enfrentei. No mesmo dia eu consegui bater no airbag a 70 km/h. Foi legal para caramba já no primeiro dia. Airbag, depois fomos colocando coisas a mais para amortecer velocidade. A gente estudou que espumas na frente do airbag aliviaria o impacto”, conclui.

Todas as etapas da preparação foram novidade para Mineirinho, começando pela academia, ambiente com o qual o skatista não estava habituado. Ciente de que precisaria de mais força e resistência para executar o projeto, cuja concepção se deu três anos atrás, ele entendeu que era importante fazer esse tipo de treino.

“Eu tinha 47 anos, sabia que mais cedo ou mais tarde o projeto ia acontecer e eu nunca tinha ido em uma academia. Eu andava de skate o tempo todo, achava que era o suficiente para o preparo físico, mas na hora que começou a se concretizar o projeto, comecei a frequentar a academia. Fui lá preparar meu corpo, não fazer musculação, nunca gostei de puxar ferro, mas deixar o corpo mais forte, mais resistente”, afirma.

A próxima fase foi buscar a execução de treinamentos específicos, e o primeiro a ser incluído na rotina foi o downhill, modalidade em que os skatistas descem ladeiras em alta velocidade. Durante a experimentação, em que descia Sandro Dias foi ainda mais rápido do que na rampa do CAFF, já que o downhill envolve tiros mais longas e descidas mais constantes.

“Nesse primeiro dia, eu cheguei a 70 km/h e fiquei desesperado. Pensei: ‘meu Deus, o que eu estou fazendo? Por que estou descendo essa ladeira a 70 km/h? Aí eu pedi para parar, falei que estava satisfeito por hoje, já estava bom para mim. Aí, cada dia que eu ia, eu evoluía. Daqui a pouco estava 80 km/h, 90 km/h, 125 km/h. Por fim, eu cheguei a 136 km/h com o skate.”

Outro ponto importante foram os treinamentos para dominar a força G, que se refere à aceleração que a gravidade exerce sobre um indivíduo e é muito importante no automobilismo. Mineirinho teve que treinar para que sua perna suportasse uma força G de 350 kg.

“O pessoal da Áustria (da Red Bull) veio nos auxiliar: ‘Você tem que colocar peso no seu corpo, da sua perna para cima, para a sua perna suportar a força G que a gente vai simular na transição’. Eu estava todo monitorado, com palmilhas de monitoramento de peso. Consegui alcançar, coloquei 43 kg a mais no meu corpo da cintura para cima e consegui simular uma força G de 383 kg nas minhas pernas. Passei nesse teste também”, explica.

 

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