Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

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Voltar Militar que disse saber quem mandou matar a vereadora Marielle Franco deve prestar novo depoimento

Ailton Gonçalves Moraes Barros (PL-RJ), o militar reformado que está preso preventivamente desde quarta-feira (3) acusado de fraude em carteiras de vacinação, deve prestar novo depoimento na próxima semana no inquérito da Polícia Federal (PF) do Rio que busca desvendar quem mandou matar a vereadora do Rio Marielle Franco.

A força-tarefa chegou a ouvi-lo, informalmente, na quarta, quando ele foi preso. Os investigadores pediram para falar com Ailton após tomarem conhecimento da mensagem de áudio – enviada por ele ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – na qual dizia saber quem mandou matar a vereadora em 2018.

Segundo o portal g1, no depoimento informal o militar apresentou elementos que serão apurados pela força-tarefa.

Ailton Barros e Mauro Cid foram presos na Operação Venire, que apura fraudes em cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de pessoas de seu entorno.

A fala de Barros sobre Marielle apareceu em conversa dos dois militares interceptada pela PF, mas não tem relação com a investigação a respeito dos cartões de vacina nem com Bolsonaro. De acordo com o que foi apurado pela instituição, no dia 30 de novembro de 2021, Ailton e Cid trocaram várias mensagens de áudio.

As gravações foram transcritas pelos agentes da PF e incluídas no ofício enviado pela corporação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação de quarta.

Segundo a PF, em um dos áudios, Ailton Barros comunicou a Mauro Cid que o ex-vereador do Rio Marcello Siciliano teria intermediado a inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde, em benefício de Gabriela Santiago Cid, esposa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

De acordo com a investigação, como contrapartida pelo sucesso da inserção dos dados falsos, Ailton Barros solicitou a Mauro Cid que intermediasse um encontro de Siciliano com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil para resolver um problema relacionado ao visto de entrada de Siciliano no país norte-americano.

Ailton Barros relatou a Mauro Cid que Siciliano estava tendo problemas com o visto em razão do envolvimento do nome do ex-vereador no caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Siciliano chegou a ser investigado na época do crime. Mas, depois de investigar, a polícia descartou a participação dele na morte da vereadora.

Ailton Barros diz a Cid que Siciliano estava enfrentando o problema de visto “injustamente”, “de bucha”, e argumenta que ele não teria relação com a morte da ex-vereadora.

Ailton Barros enviou a seguinte mensagem de áudio, conforme transcrição feita pela Polícia Federal:

“De repente, nem precisa falar com o cônsul. Na neurose da cabeça dele [Siciliano], que ele já vem tentando resolver isso a bastante tempo, manda e-mail e ninguém responde, entendeu? Então, ele partiu para a direção do do cônsul, que ele entende que é quem dá a palavra final. Mas a gente sabe que nem sempre é assim, né? Então quem resolva, quem resolva o problema do garoto, entendeu? Que tá nessa história de bucha. Se não tivesse de bucha, irmão, eu não pediria por ele, tá de bucha. Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu? “, afirmou Ailton Barros.

Morte 

A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados há cinco anos, em março de 2018. A Delegacia de Homicídios da Capital, o Ministério Público do Rio e, desde fevereiro, a Polícia Federal tentam desvendar o crime.

As investigações foram marcadas por trocas de delegados e promotores e poucos avanços. E, até hoje, ninguém esclareceu quem mandou matar Marielle e qual a motivação da execução — uma das principais linhas de investigação é que seja política.

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