Terça-feira, 15 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 22 de junho de 2023
O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), ao manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, não indicou claramente quando terá início o ciclo de queda na taxa Selic, o que está fazendo o mercado divergir se esse movimento começará em agosto ou em setembro (as próximas duas reuniões do colegiado que define o índice).
A curva de juros (o comportamento das taxas do mercado) mostra a diminuição das apostas de corte de 0,25 ponto percentual da Selic na reunião de agosto.
Se antes do comunicado do Copom a probabilidade vista no mercado de a Selic cair nesse patamar em agosto era de 100%, nessa quinta-feira (22) pela manhã isso já caiu para 80%. E fechou o dia em 50%, de acordo com especialistas em renda fixa e com integrantes do governo. Ou seja, a projeção de corte que o mercado tinha de agosto passou para setembro.
O governo ficou incomodado com o comunicado do Copom. Mesmo que não esperasse a queda de juros agora, via como possível a sinalização para queda em agosto.
Na França, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou duramente a decisão. Para o ministro, o comunicado do Copom foi “muito ruim” e o BC está contratando um problema. Ele citou o aumento da inflação e da carga tributária no futuro. O comunicado não sinalizou claramente o início do ciclo de queda da taxa de juros, o que frustrou o governo, especialmente o Ministério da Fazenda.
“Nós estamos contratando um problema com essa taxa de juros. É isso que essa decisão significa. Está contratando inflação futura e aumento da carga tributária futura. É isso que está sendo contratado”, afirmou o chefe da equipe econômica.
Impacto fiscal
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou que a manutenção da taxa Selic pela sétima vez seguida em 13,75% tem impacto fiscal para o País.
“É importante nós destacarmos que não há oposição do governo ao Banco Central nem ao Copom, agora a crítica é importante. Qualquer instituição pública pode ser criticada. Essa manutenção da taxa Selic não prejudica apenas a atividade econômica, na medida em que inibe investimento, prejudica o comércio, a indústria, o setor do agro, mas também tem um outro impacto do ponto de vista fiscal, porque quase metade da dívida pública brasileira é selicada”, disse Alckmin.
Ele ainda classificou a taxa definida pelo Copom como desnecessária.
“Cada 1% (um ponto percentual, na verdade) da taxa Selic custa R$ 38 bilhões. Então não há nada pior para a questão fiscal do que uma Selic desnecessariamente elevada.”
O comunicado do Copom foi avaliado internamente pelo como “horroroso” e “inacreditável” e até como um sinal de confronto pelo BC. O que se espera a partir de agora são críticas mais contundentes, principalmente pelo presidente Lula, direcionado ao chefe da instituição, Roberto Campos Neto, mas também críticas por parte do ministro da Fazenda. Agora, já se fala em “declaração de guerra” por parte do BC dentro do governo.
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