Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 11 de maio de 2025
Milhares de pessoas foram às ruas da Alemanha nesse domingo (11) para exigir a proibição do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) depois que o serviço de inteligência o classificou como um “grupo extremista” que poderia representar um perigo para a democracia.. Os manifestantes foram às ruas em mais de 60 cidades, de Colônia a Hamburgo, incluindo a capital Berlim.
A manifestação foi convocada pelo grupo Zusammen gegen Rechts (Juntos Contra a Direita). “A AfD não é um partido normal e não deve ser tratada como tal. Agora é a hora de considerar seriamente a proibição do partido”, afirmou a organização em seu site.
Em Berlim, a manifestação ocorreu no Portão de Brandemburgo e reuniu mais de sete mil pessoas, segundo os organizadores, e três mil, segundo a polícia. “Todos juntos contra o fascismo!” gritava a multidão com bandeiras de arco-íris e cartazes.
A proibição da legenda de extrema direita é uma questão espinhosa para o atual chefe do governo alemão, Friedrich Merz, cuja tarefa é conter a ascensão do partido que ficou em segundo lugar nas eleições gerais de fevereiro, com 20% dos votos. Até agora, os conservadores têm se oposto a isso, para não reforçar o AfD em seu suposto papel de vítima.
Na quinta-feira (8), o BfV suspendeu temporariamente a classificação enquanto aguarda a resolução do recurso do partido na justiça. A decisão gerou tensões políticas dentro e fora da Alemanha, especialmente com os Estados Unidos, cujo presidente Donald Trump expressou apoio à AfD. Autoridades estadunidenses acusaram o governo da Alemanha de tentar cercear a oposição.
Xenofobia
Ao explicar sua decisão, a agência alemã afirmou que o ponto central é a “compreensão étnica do povo” promovida pelo partido, que “desvaloriza grupos populacionais inteiros na Alemanha e viola a dignidade humana”, com posturas contra refugiados e migrantes, muitos provenientes de países de maioria muçulmana.
Uma parcela do partido já esteve sob observação da inteligência alemã por suspeita fundamentada de afronta à Constituição e à ordem democrática alemã. Há um ano, membros do partido foram acusados de participar de um encontro com neonazistas na cidade de Potsdam, em que teria sido discutida a deportação em massa de milhões de imigrantes e “cidadãos não assimilados”. O episódio gerou forte indignação e ampliou as preocupações sobre o avanço de políticas ultranacionalistas no país.
A AfD, por outro lado, afirmou que a decisão do órgão ataca a liberdade de expressão e a crítica legítima às políticas migratórias. Na visão dos líderes do partido, Alice Weidel e Tino Chrupalla, é a própria agência de inteligência que está violando a Constituição.
Alguns membros da AfD fizeram declarações que relativizam crimes nazistas. Em janeiro de 2025, por exemplo, durante uma conversa transmitida ao vivo com Elon Musk, a candidata a chanceler federal do partido, Alice Weidel, afirmou que Adolf Hitler era “comunista” e expressou opiniões que minimizavam o impacto do nazismo.
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