Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 30 de março de 2023
O Palácio do Planalto trabalha para não amplificar a repercussão do retorno ao Brasil do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passou uma temporada de três meses nos Estados Unidos. A estratégia traçada pelo governo é evitar a todo custo rebater eventuais ataques de Bolsonaro. Eles têm aconselhado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer o mesmo, para não se antagonizar a um adversário que, apesar da força política, hoje não tem mandato.
A avaliação dos petistas é a de que a rivalizar neste momento é dar palanque a Bolsonaro. Interlocutores de Lula defendem que declarações sobre o ex-presidente devem mirar apenas as suspeitas que recaem sobre ele, como no caso das joias, isolando-o do debate político. Sem foro privilegiado, Bolsonaro terá que dar explicações à Polícia Federal sobre o ocorrido. Ele vai prestar depoimento no próximo dia 5 em Brasília.
O cuidado com as palavras de Lula foi redobrado após a repercussão negativa da declaração do petista contra o senador Sergio Moro (União-PR). Na semana passada, o ex-presidente colocou em dúvida a operação da Polícia Federal para desbaratar o plano de uma facção de sequestrar o ex-juiz, ao dizer que se tratava de “uma armação” do parlamentar. A afirmação foi considerada uma “derrapada” no entorno presidencial. Auxiliares afirmam que o próprio presidente reconheceu que as frases foram inapropriadas e acabaram dando visibilidade e vitimando Moro.
O confronto direto com o ex-titular do Planalto ficará a cargo de aliados próximos, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Na quarta (29), ela gravou um vídeo com provocações ao ex-presidente, lembrando que ele precisará prestar contas à Justiça.
“Aproveite para explicar à Justiça os crimes que você é acusado de ter feito no governo e na campanha. Você pode voltar quando quiser, o que não voltará jamais é o tempo sombrio em que você infelicitou esse País”, disse Gleisi em um vídeo gravado na sede do PT em Brasília.
Há expectativa no governo de que o avanço das discussões sobre o novo arcabouço fiscal, que foi apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para líderes da Câmara, ajudará a dividir atenção. Trata-se de um assunto amplo, que envolve diversos atores, interessa ao mercado e não pode ser usado como um “factoide” produzido pelo Planalto de última hora.
Com o retorno de Bolsonaro ao Brasil, o governo quer dar mais um passo na estratégia de isolar o principal adversário político de Lula. No que diz respeito ao ex-presidente, essa é a principal tarefa dos articulares de Lula na Câmara e no Senado: conversar com quem for possível — o que vale para partidos que apoiavam o ex-presidente, como PP e Republicanos —, e se aproximar da centro-direita para enfraquecer o núcleo duro do bolsonarismo.
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